Snowden não pediu asilo ao Brasil com 'carta aberta', diz Greenwald

O ex-agente da inteligência americana Edward Snowden não solicitou asilo político ao Brasil com sua "carta aberta ao povo brasileiro" divulgada na semana passada, disse o jornalista Glenn Greenwald em entrevista ao Jornal O Estado de S.Paulo. "Essa informação é totalmente errada", afirmou o repórter que revelou os segredos da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA, com base nos documentos de Snowden, e ainda mantém estreito contato com sua fonte.

Greenwald também negou que o fugitivo americano tenha proposto qualquer tipo de "troca" de informações sobre a NSA por um asilo político. A carta foi revelada hoje pelo jornal Folha de S. Paulo e, em seguida, divulgada no Facebook.

Segundo o jornalista, o ex-espião dos EUA quis dar uma resposta aos pedidos de autoridades brasileiras para que ele colabore com investigações sobre o roubo de informações do governo e da Petrobrás. Snowden também quis agradecer a pressão do governo Dilma Rousseff nas Nações Unidas contra a rede de espionagem eletrônica que Washington opera em escala global.

"Nos últimos dois ou três meses, senadores e autoridades do governo do Brasil estiveram tentando falar com Snowden, pedindo ajuda na investigação sobre a espionagem (da NSA). Ele quis escrever uma carta explicando para os senadores e para todos os brasileiros que ele gostaria de ajudar e participar nessa investigação, mas, infelizmente, sua situação não permite", disse Greenwald. "Snowden tem muitos limites, conseguiu um asilo temporário (na Rússia) válido por apenas mais nove meses. Até que sua situação seja mais segura, ele não poderá ajudar na investigação", completou.

A avaliação, tanto no Itamaraty quanto no Palácio do Planalto, é que a intenção de Snowden é incerta e a situação, confusa. No seu texto, o ex-agente apenas fala que, enquanto não tiver um local de asilo permanente, sua liberdade para colaborar com investigações de autoridades brasileiras é limitada.

Em julho, Snowden enviou uma carta ao Brasil e a outros 20 países com um pedido de asilo.De acordo com o Itamaraty, a solicitação foi feita em nome de Snowden pela seção russa da Anistia Internacional e, tecnicamente, não teria validade. O Brasil reconhece apenas asilo territorial, quando uma pessoa está dentro do País, ou diplomático, quando está dentro de uma missão diplomática brasileira – e a situação de Snowden não se enquadrava em nenhum dos dois. Na época, o governo brasileiro deixou o pedido sem resposta.


Com informações O Estado de S.Paulo