Líbano sofre mais ataques de Israel e violência interna aumenta

O portal libanês de notícias Al-Akhbar relatou, neste domingo (29), que as forças israelenses lançaram cerca de 20 morteiros em direção ao Líbano na manhã do mesmo dia, sem causar vítimas ou danos materiais. Segundo fontes dos dois lados, citadas pelo portal, o ataque foi iniciado depois de "um grupo desconhecido" ter lançado um foguete contra os territórios palestinos ocupados.

Israel Líbano - AFP / Ali Dia

Israel afirmou que cinco foguetes foram disparados desde o Líbano, mas apenas um ou dois teriam conseguido atravessar a fronteira. “Cerca de 20 bombas, [disparadas] desde o território israelense, acertaram a região fronteiriça de Arqub depois do lançamento de foguetes contra Israel nesta manhã”, disse um oficial de segurança do Líbano citado pela agência francesa de notícias, AFP.

“A artilharia israelense respondeu aos ataques desde o Líbano contra Israel, no qual não houve vítimas, que tinha como alvo a área de onde esses projéteis foram disparados”, disse um porta-voz do Exército israelense.

O incidente do domingo foi o primeiro desde agosto, quando um grupo islamista disparou quatro foguetes desde o sul do Líbano em direção aos territórios palestinos ocupados. O grupo por trás do ataque daquele mês, as Brigadas Abdullah Azzam, também tinham reivindicado a autoria do ataque suicida contra a Embaixada do Irã em Beirute, a capital libanesa, com 23 mortos e 146 feridos, em novembro.

Depois do incidente de agosto, Israel lançou ataques aéreos contra um vale ao sul de Beirute, próximo às instalações da Frente Palestina para a Libertação da Palestina (FPLP), de esquerda. Os ataques não acertaram o seu prédio, entretanto.

O grupo, que é ideologicamente oposto à organização islamista, disse que não tinha relação com os ataques de agosto, e que não podia entender o motivo de Israel tê-lo como alvo dos ataques.

Ataques internos
e desestabilização

Foto: Marc Abizeid / Al-Akhbar

Na sexta-feira (27), de acordo com a Agência Nacional de Notícias, a explosão de um carro bomba na capital deixou cerca 70 feridos e oito mortos, inclusive o ex-ministro das Finanças, Mohammed Shatah, que também foi conselheiro do ex-premiê Saad Hariri, filho de outro primeiro-ministro Rafik Hariri, morto em 2005 nas mesmas circunstâncias.

Shatah fazia parte da aliança 14 de Março, liderada por Saad Hariri, com a participação de outras figuras da direita cristã, de oposição radical à atuação do movimento de resistência islâmica no país, o Hezbollah, que tem um papel central e histórico na defesa da soberania libanesa contra ataques frequentes das forças israelenses.

Como em episódios anteriores deste gênero, a aliança acusa o Hezbollah e as forças sírias dos ataques, novamente sem evidências e em um processo elaborado de induções sobre ações em que a resistência islâmica e a Síria negam ter participado. Analistas libaneses ligam as acusações e a oposição ao Hezbollah às tentativas regionais e estrangeiras de desestabilização do país.

De acordo com Ibrahim Ir-Amin, editor-chefe do Al-Akhbar, o Líbano, “que está se debatendo sob o peso da crise síria, se tornará mais agitado enquanto o cenário muda [na região]. Cada uma das agências de inteligência está no Líbano, portando informações sobre a ‘arena aberta’ para as ‘gerações de terroristas’.”

“Está claro que esta discussão não tem um meio-termo no contexto da loucura política e securitária. É ainda mais claro que a 14 de Março quer continuar dançando sobre o sangue, explorando-o aqui e ali. E é mais claro ainda que alguém quer levar o Líbano para mais uma situação cruel na guerra internacional na região, especialmente na Síria. Entretanto, eles querem apenas reações, luta e loucura”, diz.

Com informações das agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho