Arquivos do Horror: Operação Condor é analisada em livro inédito

A jornalista argentina Stella Calloni é editora do El Día Latinoamericano, na Cidade do México, e correspondente do jornal mexicano La Jornada para a América do Sul. De acordo com o portal de notícias Cuba Debate, escreveu inúmeros trabalhos sobre a política latino-americana e, atualmente, prepara um livro intitulado “Sob as Asas do Condor”, que aborda a aliança político-militar entre as ditaduras na América Latina e a Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos, na Operação Condor.

Stella consultou documentos que ainda não estavam catalogados, sobre a Operação, em Assunção, no Paraguai. Em 1994, uma seleção dos arquivos foi publicada por Boccia Paz, Myriam Angélica González e Rosa Paual Aguiar, no livro intitulado “É meu informe: Os arquivos secretos da Polícia de Stroessner”, pelo Centro de Documentação e Estudos.

Os “Arquivos do Horror”, como ficaram conhecidos os documentos secretos da polícia, evidenciaram a campanha de terror coordenada internacionalmente. Converteram-se em “uma chave para decifrar a história recente da América Latina”, escreve Stella. “Os arquivos detalham o destino de centenas, talvez milhares de latino-americanos secretamente sequestrados, torturados e assassinados pelos regimes direitistas dos anos 1970.”

E continua: “Também oferecem uma pista, em papel, que confirma a existência de uma conspiração escorregadia e sanguinária entre os serviços da Argentina, da Bolívia, do Brasil, do Chile, do Paraguai e do Uruguai para rastrear e eliminar os adversários políticos, independentemente das fronteiras nacionais. Agora, é possível completar o esboço da ‘Operação Condor’, tal como se conhecia a rede ilícita.”

A descoberta dos documentos foi resultado de uma investigação iniciada em 1992, de acordo com a autora, quando o juiz paraguaio José Fernández e o professor e ex-prisioneiro político Martín Almada entraram na delegacia de polícia de Lambaré, subúrbio de Assunção, para procurar pelos arquivos policiais de Almada.

“O que encontraram, em seu lugar, foram décadas de história documental sobre a repressão no Paraguai e em outros países. Também encontraram registros da cooperação da inteligência estadunidense com as ditaduras da região, inclusive a paraguaia”, conta a autora. Os documentos desde então descobertos têm dado conta de cerca de 50.000 pessoas assassinadas, 30.000 desaparecidos e 400.000 presos.

Entretanto, uma vez que os documentos avançam uma ameaça aos homens que organizaram e levaram a cabo a repressão hemisférica, estão sob risco de serem eliminados ou depositados em “mãos seguras”, ressalva Stella. Alguns dos documentos já desapareceram e existem manobras sutis para subtrair os que restam no controle legal e jornalístico.

Moara Crivelente, da redação do Vermelho,
Com informações do portal Cuba Debate