Ministério da Defesa de Israel tenta esconder comércio de armas

O Ministério da Defesa de Israel se opõe a qualquer abertura ou transparência sobre as vendas de armas israelenses, apesar das graves falhas recentemente reveladas em seu departamento de controle das exportações, como relatado por Gili Cohen, no Ha’aretz, e da recente demissão forçada do chefe do departamento, Meir Shalit.

Tanque israelense - FDI

O ministério quase sempre impede o lançamento de investigações criminais sobre as exportações que violam a lei, preferindo acertar os casos com multas administrativas – ou, em outras palavras, a portas fechadas no Ministério da Defesa, sem nada a ser revelado.

Agora, o ministério está combatendo uma petição enviada à corte pelo promotor Eitay Mack, pedindo a publicação dos nomes dos países que compararam armas de Israel. Sua desculpa, como sempre, foi que manter o segredo é necessário para a segurança.

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Os clientes assim o exigem, e se não têm isso, as exportações de defesa de Israel serão prejudicadas. Os clientes não podem confirmar isto, já que seus nomes são classificados e, por isso, a corte tem simplesmente que confiar no ministério e rejeitar a petição.

A resposta do ministério à corte – que Israel vendeu armas, em 2011 e 2012, aos Estados Unidos, à Espanha, ao Quênia, Reino Unido e Coreia do Sul, mas que os clientes não podem ser identificados – parece uma piada de mau gosto.

Primeiro, o próprio ministério se gaba pelas grandes conquistas da indústria da defesa israelense e pelos bilhões de dólares do negócio que faz pelo mundo. Segundo, toda revista internacional ou portal sobre defesa faz relatórios detalhados sobre os negócios das companhias de defesa de Israel.

Mas nem é preciso confiar nos relatos da mídia: Há apenas alguns meses, um relatório oficial do governo britânico revelou uma lista muito mais longa de países que tinham comprado armamentos das companhias israelenses. Para conseguir autorizações para comprar componentes britânicos para os seus produtos, estas companhias tiveram que dizer às autoridades do Reino Unido que país estaria comprando o produto.

O relatório britânico, que cobriu os anos de 2008 a 2012, listou a Índia, Cingapura, a Turquia, Coreia do Sul, Vietnã, Japão, Suécia, Portugal, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Colômbia, Holanda, Itália, Alemanha, Espanha, Tailândia, Macedônia, Brasil, Chile, Suíça, Equador, México, Finlândia, Irlanda, Luxemburgo, Guiné Equatorial, Polônia, Argentina e Egito como clientes israelenses.

Até mesmo países que não têm relações oficiais com Israel apareceram na lista: Paquistão, Argélia, Emirados Árabes Unidos e Marrocos. O relatório também afirma que o Reino Unido recusou-se a aprovar componentes para produtos destinados à Rússia, ao Sri Lanka, Turcomenistão e Azerbaijão. No total, são 41 países, e há outros que não estão listados no informe britânico.

O Ministério da Defesa quer esconder a lista completa para evitar um debate público sobre a moralidade da sua venda de armas a regimes ditatoriais, assim como sobre outras falhas preocupantes da sua divisão de controle das exportações.

A corte precisa exigir evidências concretas de que a publicação dos nomes destes países – que já são majoritariamente conhecidos, de qualquer forma – realmente prejudicará a sua segurança nacional, e não apenas a conveniência burocrática dos inspetores do ministério.

Fonte: Ha'aretz
Tradução de Moara Crivelente, da redação do Vermelho