Palestina-Israel: Abbas diz buscar a paz e Netanyahu, a ocupação

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse nesta segunda-feira (6) que está disposto a conquistar a paz. “Estivemos exercendo todo o esforço possível e estamos determinados a alcançar a paz com Israel.” Já o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que não pretende desmantelar as colônias ilegais na cidade palestina de Hebron ou a chamada Beit El, na região de Jerusalém, como parte de um eventual acordo.

Por Moara Crivelente, da redação do Vermelho

Palestina - Eyad Jadallah / APA images / Electronic Intifada

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, que tem mediado as negociações entre israelenses e palestinos, acaba de deixar a região sem apresentar um rascunho de acordo. Entretanto, disse que as diversas reuniões que manteve com os líderes, assim como os encontros instantâneos que manteve com os reis da Arábia Saudita e da Jordânia, devem servir de base para um “acordo guia” a ser proposto no fim do mês.

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Ficaram ressaltadas, durante os cinco meses desde a retomada das conversações, as denúncias dos palestinos sobre a continuação da ocupação israelense, com a expansão das colônias e a construção de novas casas sendo anunciadas pelo governo de Netanyahu inclusive durante as negociações.

Ainda assim, o governo de Abbas reitera frequentemente a sua disposição para a continuidade das conversações. “Se alcançarmos a paz com Israel, ela se espalhará para incluir os mundos Árabe e Islâmico, e os israelenses serão parte desta paz,” disse o presidente, durante uma cerimônia natalina em Belém, na Igreja da Natividade, nesta segunda (6).

Já o premiê Netanyahu, para acalmar os extremistas do seu governo sobre a persistência em sua posição colonialista e de potência ocupante, disse ao seu próprio partido, Likud, que não defenderá a evacuação das colônias em Hebron e a colônia Beit El, que não estão entre os grandes blocos, mas “são importantes para o povo judeu”.

Manter a ocupação

Na reunião com os parlamentares do seu partido, Netanyahu deu algumas perspectivas sobre as negociações mediadas por Kerry, que tem feito propostas declaradamente preocupadas com as “questões securitárias” levantadas por Israel, enquanto insiste na negligência completa com relação à ocupação israelense dos territórios palestinos.

Além disso, o premiê tem revelado contar com a complexidade da construção de uma proposta sólida por Kerry e afirma que não deve necessariamente aceitá-la. De acordo com parlamentares presentes nas reuniões, citados pelo jornal israelense Ha’aretz, ele já chegou a garantir que recebe as propostas como uma forma de mostrar que está negociando, mas não precisa levá-las adiante.

De acordo com o jornal, ele ressaltou que não tem discutido a evacuação das colônias durante as negociações. “Nós não concederemos onde outros concederam no passado,” completou.

Além disso, Netanyahu resumiu a impossibilidade de solução do conflito na “recusa dos palestinos em reconhecer Israel como um Estado judeu,” mas ressalvou que, mesmo que os palestinos assim o reconhecessem, o conflito não terminaria.

“Nós vimos o que aconteceu quando fechamos os olhos e evacuamos assentamentos. Precisamos de uma base de presença no território, além dos acordos securitários que garantirão que o território não será entregue a elementos hostis.”

O premiê refere-se à exigência de manutenção de tropas israelenses no Vale do Jordão palestino, a manipulações das fronteiras a serem delimitadas e a permanência de colônias em um território já majoritariamente ocupado militarmente.