Execução retoma debate sobre injeção letal nos Estados Unidos

Dennis McGuire levou 15 minutos para morrer depois de receber a injeção letal nesta quinta-feira (16), no estado de Ohio, EUA. A notícia reacendeu debates sobre a pena de morte e sobre o uso de coquetéis de drogas não testados para a sua aplicação. No ano passado, 39 prisioneiros foram executados e 3.108 estavam no “corredor da morte” nos Estados Unidos.

Dennis McGuire foi condenado à morte pelo estupro e assassinato de uma mulher, em 1994, em um caso que tinha agravantes devido à crueldade. Ainda assim, a sua morte foi criticada por algumas testemunhas que viram como o homem de 53 anos de idade sofreu nos momentos finais, de acordo com o jornal estadunidense The New York Times.

O episódio reacendeu o debate sobre as injeções letais. Alguns estados norte-americanos vêm buscando outras fórmulas para as execuções, desde que companhias europeias que antes forneciam as drogas usadas (como o pentobarbital e o tiopentato de sódio) nas execuções pararam de fornecê-las para este fim.

Por isso, McGuire recebeu uma injeção com a mistura de um sedativo e um analgésico poderoso que deriva da morfina, no que se tratou de um experimento inédito, controversamente aprovado por um tribunal federal. Testemunhas e jornalistas que acompanharam o procedimento explicaram a condição desesperadora em que o prisioneiro morreu, descrita detalhadamente pelo New York Times, mas defensores da pena de morte disseram que o episódio estava sendo relatado de forma sensacionalista.

O diretor legal da Fundação Legal de Justiça Penal, Kent Scheidegger, citado pelo jornal, chegou a sugerir que a administração de um sedativo “aos assassinos” foi resultado das discussões “sentimentalistas” tidas a respeito da injeção letal. “Ficamos tão sentimentalistas que chegamos ao ponto de dar sedativo aos assassinos antes de os matarmos”, foram as suas palavras.

A discussão tem se centrado, entretanto, na combinação não testada de drogas para a aplicação da injeção letal. O caso de outro homem que foi executado na semana passada – condenado pela coparticipação no assassinato de um colega de trabalho – com um coquetel de várias drogas, com o fim de parar os batimentos cardíacos, teria dito, antes de morrer, que sentia todo o corpo queimando.

Paradoxalmente, nos Estados Unidos, a mesma emenda constitucional (a oitava) que proíbe a imposição de fianças ou multas abusivas, de punições cruéis ou desumanas (inclusive a tortura) e estabelece a proibição de diversas punições é também a que prevê os casos em que a pena de morte pode ser aplicada e estabelece os seus procedimentos.

Moara Crivelente, da redação do Vermelho,
Com informações do New York Times