Diplomatas de Israel discutem tópicos das negociações nos EUA

A ministra da Justiça de Israel, Tzipi Livni, e Isaac Molho, ambos membros da equipe israelense para as negociações com a Autoridade Palestina, reúnem-se com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, nesta segunda-feira (20), em Washington. O propósito é a discussão da proposta de acordo feita por Kerry e a preparação da reunião entre ele e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ainda nesta semana, nos bastidores do Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça.

John Kerry e Tzipi Livni - Reuters

Segundo o jornal israelense Ha’aretz, Tzipi e Molho discutem a proposta de um quadro de acordo que Kerry vem impulsionando nas últimas semanas, embora a Autoridade Palestina já tenha se manifestado contrária a pontos centrais, que abrigam a exigência inaceitável de Israel em manter tropas no Estado palestino a ser reconhecido, por exemplo.

Além disso, o reconhecimento de Israel como Estado judeu, a exclusão da questão sobre a cidade Jerusalém, do retorno dos refugiados palestinos e da definição das fronteiras compõem uma lista de assuntos cruciais ainda objeto de discordância extrema entre os negociadores, um relfexo da manutenção do estado das coisas, ou da ocupação, como nas rodadas de negociações anteriores.

Tzipi Livni, que está a cargo das negociações com a AP, e Molho, representante pessoal de Netanyahu neste âmbito, também serão acompanhados pelo embaixador de Israel nos EUA, Ron Dermer, e pelo mediador estadunidense nas conversações, Martin Indyk.

Segundo o Ha’aretz, eles buscam enxugar as diferenças entre Israel e a AP relativas às cláusulas do quadro de acordo, que deve cobrir as questões fundamentais do conflito. Já os negociadores palestinos devem viajar a Washington na próxima semana para debater com Kerry as mesmas questões, para a definição de um plano que seja aceitável para os dois lados, apesar das divergências fundamentais que têm mantido as negociações estagnadas há meses.

Embora os EUA afirmem a prioridade às “preocupações securitárias” de Israel, o que é mais uma representação da posição desvantajosa em que a AP se encontra e do apoio incondicional estadunidense ao contexto de ocupação israelense sobre a Palestina, Kerry e o governo israelense não estão, tampouco, completamente de acordo.

Na semana passada, declarações do ministro de Defesa Moshe Ya’alon que incluíam ofensas pessoais a Kerry foram o tema central das negociações para a mídia israelense, que chegou a indicar mais uma “crise política” entre os dois cúmplices, Israel e Estados Unidos.

Além disso, grupos políticos no interior da coalizão governamental têm emitido declarações contrárias a diversos pontos nas conversações, chegando até a ameaçar a viabilidade do governo de Netanyahu.

O mesmo jornal citou também uma entrevista concedida pelo presidente Barack Obama à revista The New Yorker, em que ele se revela pessimista sobre a possibilidade de um acordo permanente entre Israel e a AP, embora tenha afirmado, na semana passada, que apoia completamente as propostas avançadas por Kerry.

Obama teria dito, de acordo com uma mensagem entregue pelo vice-presidente Joe Biden a Netanyahu, que “os EUA dão um valor muito alto sobre alcançar um acordo que resulte em dois Estados vivendo lado a lado em paz e segurança, mas também sublinhando o quão importante são as exigências securitárias de Israel para nós.” Para os palestinos, isso traduz-se no apoio à manutenção da ocupação militar de Israel.

Por Moara Crivelente, da redação do Vermelho,
Com informações do Ha'aretz.