Premiê da Ucrânia pede demissão "para acabar com a crise"

O primeiro-ministro da Ucrânia, Nicolai Azarov, submeteu o seu pedido de demissão à Presidência, de acordo com a página virtual do seu governo, nesta terça-feira (28). O pedido ainda não foi aceito pelo presidente Viktor Yanukovich, entretanto. Segundo Azarov, seu passo reflete uma tentativa de acabar com a atual crise política no país (com a investida violenta da direita) de forma pacífica.

Nicolai Azarov - Reuters / Denis Balibouse

“Para criar possibilidades adicionais de compromisso social e político, para uma solução pacífica para o conflito, eu tomei a decisão pessoal de pedir ao presidente ucraniano que aceite a minha demissão do cargo de primeiro-ministro”, afirma a declaração de Azarov.

O premiê descreveu a atual crise na Ucrânia como uma ameaça ao desenvolvimento econômico e social do país, assim como uma ameaça a cada um todos cidadãos ucranianos.

Leia também:
Governo da Ucrânia propõe acordos e violência aumenta
Comunistas ucranianos denunciam interferência externa no país
Oposição incita protestos violentos contra o governo da Ucrânia

“Durante as tensões, o governo fez de tudo por uma solução pacífica”, disse Azarov. “Temos feito de tudo para não deixar que ocorra derramamento de sangue, para impedir a intensificação da violência, para não deixar que haja ataques contra os direitos humanos. O governo tem garantido o funcionamento da economia e da segurança social em sob condições extremas”

Um dos políticos de carreira mais longa na Ucrânia, Azarov disse que pode “sinceramente, olhar nos olhos de cada um dos seus compatriotas” e que sempre agiu pelos interesses do país, ao passo em que agradeceu pelo apoio às decisões do seu gabinete durante o seu governo.

“O mais importante, hoje, é preservar a unidade e a integridade da Ucrânia. Isso é muito mais importante do que os planos pessoais ou ambições de qualquer um,” disse o premiê, que ocupa este cargo desde março de 2010, e manteve o posto em dezembro de 2012, quando houve novas eleições parlamentares.

Um ano depois, em dezembro de 2013, seu gabinete sobreviveu a um voto de confiança, depois da moção avançada por três partidos da oposição: Partido da Pátria, da direita que hoje comanda os protestos violentos na rua, o Udar e o da Liberdade (“Svoboda”). O texto da moção dizia que o gabinete havia “traído o povo ucraniano” pela suspensão das negociações com a União Europeia para a integração ao bloco.

Incitação da direita e negociação política

O líder do partido Udar, da oposição, Vitaly Klitchko, que também tem incitado as massas nas ruas contra o governo e as forças de segurança disse que o pedido de demissão do premiê foi um passo para “salvar a pele”.

“Hoje, a questão da demissão do governo e a sua responsabilidade estão na agenda", disse Klitchko, citado pela agência de notícias Interfax-Ucrânia. “Estou certo de que a demissão [de Azarov] guarda algo por trás. Ele sabe que fez de tudo para salvar a sua pele.” Para Klitchko, a decisão do premiê é “um passo em direção à vitória” da oposição.

Anna German, parlamentar do Partido das Regiões, governante, descreveu a decisão de Azarov como “um passo responsável.”

“Acredito que este é um passo responsável de um político maduro, que tem sido capaz de dominar a sua própria ambição e colocar os interesses do Estado, da compreensão mútua entre as autoridades e a sociedade, à frente do seu próprio alto cargo,” disse Anna, citada pela agência de notícias Ria Novosti.

As manifestações violentas nas ruas de Kiev, capital ucraniana, têm sido relatadas como protestos populares contra o governo, mas a incitação da direita opositora vinha se revelando como uma ameaça, sob a bandeira da integração à União Europeia e da revisão constitucional.

Os tópicos enfatizados pela oposição já tinham sido abarcados pela proposta de negociações do governo, que incluiu a oferta de partilha do poder, mas os partidos de direita insistem na manutenção dos protestos e na desestabilização política.

Da redação do Vermelho,
Com informações da Russia Today