Plano dos EUA permitiria colonos israelenses na Palestina

O enviado do Departamento de Estado dos EUA para as negociações entre Israel e a Autoridade Palestina (AP), Martin Indyk, disse nesta quinta-feira (30) que o plano proposto para um acordo permitiria que 70 a 80% dos cerca de 400 mil colonos israelenses permanecessem na Cisjordânia, como cidadãos de Israel. O “Quarteto para o Oriente Médio” (EUA, Nações Unidas, União Europeia e Rússia) deve se reunir para discutir como avançar um acordo final neste sábado (1º/2), na Alemanha.

Colonos israelenses na Cisjordânia - Reuters / Haaretz

De acordo com o jornal israelense Ha’aretz, Indyk deu declarações sobre este ponto do plano proposto pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, durante uma reunião com judeus estadunidenses na quinta-feira (30).

Segundo ele, os EUA tencionam apresentar esta “proposta” – que é, na realidade, uma concessão às autoridades israelenses mais racistas – nas próximas semanas.

Leia também:

Palestinos revelam plano proposto pelos EUA favorável a Israel
Governo de Israel pode se fragmentar devido ao "processo de paz"
Premiê diz que Israel "não é obrigado" a aceitar plano dos EUA
Israel em terapia: "Palestinos devem reconhecer 'Estado judeu'"

De acordo com o mesmo jornal, diplomatas dos EUA, da União Europeia, da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Rússia, o chamado “Quarteto para o Oriente Médio”, devem reunir-se neste sábado (1º/2), na Alemanha, para discutir como apoiar Kerry na mediação das negociações por um acordo final.

A reunião acontecerá nos bastidores da conferência anual sobre segurança na cidade alemã de Munique. A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton disse que liderará a reunião com KLerry, com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, com o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, e com o ex-premiê britânico Tony Blair, enviado especial do Quarteto para o Oriente Médio.

O chefe da equipe palestina para as negociações, Saeb Erekat, e o chefe dos serviços de inteligência palestinos, Majed Faraj, viajaram para Washington no começo desta semana para encontrarem-se com Kerry e sua equipe, segundo o Ha’aretz, depois de uma reunião entre o chanceler estadunidense e os negociadores israelenses, Tzipi Livni e Isaac Molho.

Segundo o jornal israelense, Kerry busca apoio da Alemanha para pressionar os dois lados a aceitarem a sua proposta para uma base de acordo, que ele planeja revelar nas próximas semanas. Sua “proposta securitária”, que incluía a permanência de tropas israelenses em porções de um Estado da Palestina desmilitarizado – entre outros pontos que estendem a ocupação israelense sobre territórios palestinos – já tinha sido rechaçada pela AP, entretanto.

Além disso, a permanência das colônias israelenses, continuamente em expansão através de cada vez mais ocupações da Cisjordânia, é uma reivindicação dos grupos mais extremistas e racistas presentes na coalizão de governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Entretanto, a exigência se estende para a manutenção da “soberania israelense” sobre essas colônias, o que poderia ser traduzido, em termos práticos, como uma anexação informal.

Da redação do Vermelho,
Com informações do Ha'aretz