Presidente do Líbano insta ONU a responder à ameaça israelense

O presidente libanês, Michel Suleiman, classificou as ameaças do governo israelense sobre atacar áreas civis e residenciais no Líbano de “violação flagrante dos princípios dos direitos humanos.” Suleiman deu declarações divulgadas nesta quinta-feira (30), em resposta a afirmações do comandante da Força Aérea Israelense, major-general Amir Eshel, no dia anterior, sobre a “agressividade” planejada para atacar a resistência libanesa.

Líbano - Al-Hewar

Em seu comunicado, o presidente libanês disse que as ameaças israelenses “violam claramente a resolução 1701 em níveis políticos e internacionais”, referindo-se à resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que encerrou a guerra direta de Israel contra o Líbano, em 2006.

A resolução expandiu o mandato das tropas da Organização das Nações Unidas (ONU) no sul do Líbano, impôs um embargo de armas estrito contra a resistência e proibiu Israel de violar o espaço aéreo libanês, o que já é considerado um crime sob o direito internacional geral.

O comandante da Força Aérea Israelense havia dito, na quarta-feira (29), durante uma conferência sobre segurança: “Teremos que lidar agressivamente com as milhares de bases doo Hezbolá que ameaçam o Estado de Israel e, principalmente, nosso interior”, citando áreas da capital libanesa, Beirute, do Vale de Bekaa e do sul do Líbano.

As agressões israelenses contra o território libanês são geralmente justificadas com o pretexto do combate ao Hezbolá, partido político que possui forças armadas para a proteção da fronteira libanesa contra as invasões, mas que Israel classifica de “organização terrorista”.

Eshel disse ainda que, acima e abaixo dos prédios residenciais, alegadamente usados como bases pelo Hezbolá, “vivem civis contra os quais não temos qualquer coisa contra – um tipo de escudo humano. E é aí que a guerra será. É aí que teremos que lutar para detê-lo e vencer. Quem quer que permaneça nestas bases será simplesmente acertado e arriscará sua vida. E quem sair, viverá.”

Suleiman ressaltou que “esta ameaça é uma violação dos princípios de humanidade e do direito humano de viver em paz e segurança, como estipula a Declaração Universal de Direitos Humanos,” e instou a sociedade internacional, principalmente através da ONU, a lidar com a questão.

O presidente libanês também afirmou que a posição israelense é “uma tentativa de espalhar a sensação de instabilidade entre os cidadãos israelenses, que é o que o inimigo quer, enquanto Israel está contente com a turbulência que já se verifica na região árabe.”

A Força Interina das Nações Unidas para o Líbano (Unifil) está no país desde 1978, para observar a retirada das tropas israelenses depois da guerra daquela década, mas seu mandato é renovado anualmente pelo Conselho de Segurança. O Hezbolá já chegou a acusar a missão de ser negligente com relação às agressões israelenses e às violações constantes do território libanês.

Moara Crivelente, da redação do Vermelho,
Com informações do portal Middle East Monitor