Exército colombiano espionou negociadores das Farc com o governo

De acordo com uma denúncia da revista Semana nesta terça-feira (4), o Exército colombiano espionou membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) integrantes da comissão que realiza os Diálogos de Paz, com o governo do presidente Juan Manuel Santos em Havana, Cuba. Ativistas e militantes do país também foram espionados. Ao saber do conteúdo da denúncia, Santos pediu rigor na investigação para descobrir o intuito da medida.

Início das espionagens se deu um mês antes do início dos Diálogos de Paz na Noruega em outubro de 2012

Para realizar tais operações, os militares criaram um estabelecimento de fachada onde havia um restaurante e eram oferecidos cursos de informática. Por 15 meses, a revista realizou a investigação, conversou com mais de 25 fontes – preservando o sigilo de todas elas – incluindo agentes de inteligência estadunidenses, altos postos do Exército, militares da inteligência e contrainteligência e funcionários do Estado.

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Como resultado da investigação, foram descobertas fotos, documentos e uma série de evidências de que foram realizadas interceptações ilegais por parte de setores do Exército Nacional. O centro de coleta de dados foi montado um mês antes do início dos diálogos de paz, tornando evidente a relação entre os ambos os fatos.

“O que se fazia ali era muito delicado. Não era possível fazer o controle de vozes, mas se fazia o controle de dados, que essencialmente são e-mails, pins (dos celulares Blackberry), etc. Os alvos eram pessoas relacionadas com as ONGs: Piedad [Córdoba], Cepeda [Iván], os de sempre. Mas também e principalmente, alguns dos plenipotenciários e assistentes”, contou à revista uma das fontes.

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"Jaramillo (Sergio Jaramillo), Eder (Alejandro Eder) ou De la Calle (Humberto de la Calle) foram alguns dos que eu me lembro. A ideia era obter o máximo de informações sobre o que falavam e como iam. Algumas das informações coletadas não eram de todo relevante, pois era claro que o que era importante não tratavam por e-mail ou PIN”, contou outra fonte.

Os entrevistados afirmaram desconhecer o destino final das informações. A única coisa que sabem é que os dados eram enviados ao capitão, que por sua vez deveria entregá-los ao comandante de Inteligência Técnica do Exército número 1 (Bitec). Deste em diante, é incerto quem recebeu o material. De acordo com as próprias fontes, o alto governo não tinha ideia do que ocorria.

Após tomar conhecimento do caso, o presidente Juan Manuel Santos declarou que as espionagens ilegais são “inaceitáveis” e pediu ao ministro de Defesa, Rodolfo Palomino, uma “investigação a fundo do caso”.

Da Redação do Portal Vermelho,
com informações da Revista Semana