Rosas e Fuzis: documentário mostra a força feminina das Farc

O que leva uma mulher a ingressar em conflitos armados de livre e espontânea vontade? O que elas desejam com isso? E quem são essas mulheres?

Estas são apenas algumas perguntas que o documentário ‘Rosas y Fusiles’ (Rosas e Fuzis na tradução livre para o português) busca responder. São mulheres que buscaram ingressar nas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP).

Para quem pensava que apenas mulheres sem estudo ou sem outra expectativa na vida, além dos conflitos armados, eram as que buscariam essa vida, o documentário vai surpreender.

Logo de início, vemos vários tipos de mulheres, com várias profissões diferentes. Pintoras, políticas, escritoras, camponesas, intelectuais, mas, acima de tudo, todas mulheres lutando por um só objetivo: justiça.

Como o próprio documentário afirma, estar na guerra não é deixar de lado a feminilidade. Em vários momentos, podemos ver as guerrilheiras usando maquiagem, brincos, fazendo penteados nos cabelos, mas todas fardadas.

Contudo, deixando de lado a beleza e vaidade femininas, elas são decididas e, de longe, podemos apreender que o preconceito de que as mulheres são frágeis não existe. "Dizem que nós somos terroristas, mas o que é o terrorismo? Terrorismo é matar o povo de fome, é manter o povo na ignorância, é terrorismo perseguir as pessoas, terrorismo é nos fazer passar de terrorista quando estamos apenas lutando por melhores condições…”, afirma uma das mulheres entrevistadas, não identificada.

O documentário mostra que ainda que exista o desejo de combater pela justiça, algumas pessoas, inclusive mulheres, são obrigadas a entrar na guerra, pois não há outra alternativa para elas, é o caso das mais pobres. "Eles (paramilitares) invadem nossas terras, nos massacram, nos degolam, nos matam, por quê? Porque nós não temos como nos defender, então nós lutamos com o que temos para lutar e porque temos que lutar”, afirma outra entrevistada, que também não é identificada.

Uma integrante das Farc afirma no documentário que o governo paramilitar mata os camponeses pelo simples fato de haver a suspeita de que eles apoiem a guerrilha. "São os falsos positivos, eles afirmam que os camponeses nos apoiam e, no dia seguinte, vários deles aparecem mortos”, relata.

O que de fato é possível ver no documentário, além de todas as mazelas pelas quais passam as pessoas que estão realmente lutando pelos seus direitos, por uma vida melhor para seus familiares, é que a mulher é um ponto forte na guerra, como é dito no filme: "sem a presença da mulher no processo revolucionário, não há revolução”.

Assista aqui o documentário:

Ficha técnica

Direção: Vilma Kahlo

Duração: 53 min

Janeiro de 2013

Fonte: Adital