MPF denuncia seis por atentado a bomba no Riocentro em 1981
O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF-RJ) denunciou seis pessoas por envolvimento na explosão de uma bomba no estacionamento do Riocentro, em Jacarepaguá, zona oeste da capital fluminense, na noite de 30 de abril de 1981. O atentado ocorreu durante um show pelo Dia do Trabalho, que reunia cerca de 20 mil pessoas, a maioria jovens.
Publicado 17/02/2014 18:49
Na ocasião, uma das bombas carregadas pelos denunciados explodiu no colo de um dos criminosos no momento em que se aproximava de carro do complexo. Outra bomba foi lançada na subestação de eletricidade do Riocentro, com o objetivo de cortar a energia. A ação dos militares pretendia causar pânico e terror na plateia do show e na população, atribuindo falsamente o atentado a uma organização da militância contra o regime de exceção, e assim, justificar um novo endurecimento da ditadura.
Entre os denunciados estão o coronel reformado Wilson Luiz Chaves Machado, vulgo Doutor Marcos, o ex-delegado Claudio Antonio Guerra e os generais reformados Nilton de Albuquerque Cerqueira e Newton Araujo de Oliveira e Cruz, acusados por homicídio doloso tentado (duplamente qualificado por motivo torpe e uso de explosivo), associação criminosa armada e transporte de explosivo. Newton Cruz foi denunciado ainda pelo crime de favorecimento pessoal. O general reformado Edson Sá Rocha, vulgo Doutor Silvio, foi denunciado por associação criminosa armada e o major reformado Divany Carvalho Barros, vulgo Doutor Áureo, por fraude processual. As penas de Wilson Machado, Claudio Guerra e Nilton Cerqueira podem chegar a 66 anos e seis meses de reclusão, e a de Newton Cruz a 67 anos.
O MPF pede que Wilson Machado, Claudio Guerra e Nilton Cerqueira sejam condenados a penas não inferiores a 36 anos de reclusão; Newton Cruz a pena de pelo menos 36 anos e seis meses de reclusão; Sá Rocha a pena não inferior a dois anos e seis meses e Divany Barros a no mínimo um ano de detenção. O MPF requer ainda que os denunciados sejam condenados à perda do cargo público, com o cancelamento de aposentadoria, à perda de medalhas e condecorações obtidas e a pagar indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 500 mil, a ser divido pelos denunciados.
As investigações duraram quase dois anos e envolveram a análise de 38 volumes de documentos. Foram tomados 42 depoimentos, com cerca de 36 horas de gravação. Segundo a denúncia, o grupo agia em duas frentes: planejamento e operacional. Trinta e três anos depois do atentado, os procuradores alegam que o crime é imprescritível porque foi praticado pelo Estado contra os seus cidadãos e não estaria coberto pela Lei de Anistia, válida de 1961 a 1979. Além dos seis, outros nove nomes foram identificados, mas todos já falecidos. O atentado provocou a morte imediata do sargento Rosário, lotado no DOI-1 e que carregava a bomba.
Fonte: Portal Terra