Carandiru: Advogado deixa plenário e julgamento é suspenso

O advogado Celso Vendramini, que defende os 15 policiais que estão sendo julgados pela morte de oito detentos que ocupavam o quarto pavimento do Pavilhão 9 da extinta Casa de Detenção do Carandiru, ficou irritado e deixou o plenário por volta das 16 horas desta terça-feira (18), enquanto um dos réus estava sendo interrogado pelos promotores.

Segundo o Tribunal de Justiça, após a saída do advogado do plenário, o julgamento foi suspenso e será agora marcada uma nova data para que tenha continuidade.

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No momento em que o advogado abandonou o plenário, estava sendo interrogado o primeiro réu, coronel Arivaldo Sérgio Salgado, que era capitão na época do massacre e comandava a tropa do Comando de Operações Especiais (COE) no dia em que houve a chacina.

Vendramini interrompeu o interrogatório do coronel pelo promotor Canto Neto e questionou o juiz sobre a conduta do promotor, que lia um trecho de um antigo depoimento dado por Salgado sobre o caso. Como o juiz considerou que não havia problemas no procedimento de Canto Neto e na leitura do depoimento, determinou que o interrogatório prosseguisse.

Irritado, o advogado reclamou que o juiz estava valorizando o Ministério Público, tirou sua toga e deixou o local do julgamento.

Os promotores reclamaram da atitude do advogado e disseram que a suspensão do julgamento causa, inclusive, prejuízo financeiro público. “Calculem o prejuízo para o Estado, que teve que montar este julgamento, as despesas, o prejuízo com os jurados, que tiveram de deixar suas casas para vir para cá. É lamentável que isso aconteça”, destacou Carvalho.

“Lamentamos profundamente. Isso foi uma surpresa para nós, um absurdo. O que foi feito hoje foi realmente uma afronta, um desrespeito à lei e à sociedade em geral”, disse Canto Neto.

Os promotores disseram também que é preciso haver algum procedimento para impedir que atitudes como essa de Vendramini se repitam. “É hora de pensar em uma alguma punição mais efetiva para o profissional que tome esse tipo de comportamento. Nem o juiz nem o promotor de Justiça têm qualquer ferramenta para impedir isso”, disse Carvalho.

Recorrente

Esta não foi a primeira vez em que Vendramini deixou o plenário durante um julgamento. Em 2011, quando estavam sendo julgados quatro policiais militares acusados da morte de dois jovens, ele abandonou o plenário como protesto porque havia no local pessoas usando camisetas com fotos das vítimas.

Com informações da Agência Brasil