Explosões no Líbano são admitidas por grupo ligado a Al-Qaeda

As brigadas Abdullah Azzam afirmaram a sua responsabilidade pelas explosões de dois carros-bomba que mataram seis pessoas na capital libanesa, Beirute, nesta quarta-feira (19). O ataque, próximo ao centro cultural iraniano em um subúrbio no sul da cidade, é mais um episódio da violência extremista que se dissemina através das frentes ligadas à rede Al-Qaeda, que também atuam na Síria e que têm trabalhado para estabelecer uma dimensão sectária aos conflitos regionais.

Líbano - AFP

O partido e movimento de resistência islâmica xiita do Líbano, Hezbolá, tem sido alvo de uma escalada de violência ligada à situação na Síria, em que uma miríade de grupos e atores radicais tentam derrubar o governo do presidente Bashar al-Assad, também xiita.

O Hezbolá conta com forças armadas expressivas que também têm se aliado às tropas de Assad, sobretudo em prol da defesa das fronteiras libanesas, já trespassadas, para evitar que o Líbano seja cenário de ainda mais violência.

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Desde o final do ano passado, porém, a intenção de alguns setores do governo libanês de manter a sua política doméstica afastada do conflito na Síria já se mostrou inviável, principalmente pelos confrontos das tropas libanesas com membros de brigadas como a Abdullah Azzam (ligada à rede Al-Qaeda e nomeada conforme um dos pais da organização transnacional) e pelo aumento dos ataques como o desta quarta-feira.

No início da semana, o anúncio da formação de um novo gabinete, após 11 meses de impasse e de uma configuração provisória, trouxe alívio para alguns, que procuram trabalhar na unidade nacional contra a tendência fragmentadora, mas também o ceticismo, para outros, além do alerta sobre as questões de fundo que ainda ameaçam o cenário político internacional. O novo gabinete chegou a ser classificado de uma “bomba-relógio”.

A agência nacional de notícias relatou que uma explosão nesta manhã parecia ter sido causada por dois carros-bomba. O ministro da Saúde, Wael Abu Faour disse que seis pessoas tinham morrido e 129 ficaram feridas, enquanto as forças de segurança interrogavam quatro pessoas sobre os veículos roubados usados no ataque.

As brigadas Abdullah Azzam também tinham se responsabilizado por outro ataque em novembro contra a Embaixada do Irã na capital libanesa. O apoio do governo iraniano ao Hezbolá e ao governo sírio é tido como o principal motivo para os ataques por analistas do assunto, uma vez que diversas organizações ligadas à rede Al-Qaeda, sunita, afirmam planejar a derrubada da influência xiita para a instauração da lei islâmica de acordo com a sua interpretação extremista da religião.

As reivindicações das brigadas, de acordo com o portal libanês Al-Akhbar, são justamente o fim do apoio iraniano ao Hezbolá e a retirada do movimento de resistência islâmica do conflito na Síria, onde combate ao lado do Exército contra diversos grupos armados, inclusive o Estado Islâmico do Iraque e do Levante/Síria (EIIS) e da Frente al-Nusra, ambas ligadas à rede Al-Qaeda.

Representantes do Hezbolá defendem há meses a formação de um gabinete sólido para o governo do Líbano como forma de evitar a fragmentação do país, através da unidade política e do rechaço às tentativas de transformar a crise política em uma disputa sectária que resulte em uma nova guerra civil.

Por Moara Crivelente, da redação do Vermelho,
Com informações do portal Al-Akhbar