Violência na Ucrânia volta a aumentar e UE ameaça com sanções

Na Ucrânia, enquanto a violência se mantém nas ruas, a ameaça de sanções europeias se intensifica. Nesta quarta-feira (19) estima-se que a nova onda de confrontos – na décima semana de protestos contra o governo, liderados pela direita ucraniana com o apoio declarado da União Europeia (UE) e dos EUA – deixou 10 policiais e 15 civis mortos, de acordo com o Ministério do Interior. O presidente Viktor Yanukovich anunciou que esta quinta (20) será um dia de luto.

Ucrânia - Russia Today

Segundo a emissora Russia Today, os manifestantes nas ruas ainda não definiram pautas específicas para o seu protesto, mas a direita, na oposição, continua exigindo a demissão do governo. Em janeiro, numa tentativa de sanar esta demanda, o então primeiro-ministro Nicolai Azarov renunciou, enquanto o governo avançava propostas de negociação. A crise não diminuiu, entretanto.

O Ocidente insiste em acusar a Rússia de tentar exercer “demasiada influência”, enquanto suas próprias políticas são exatamente a de apoiar a suposta manifestação pela democracia e pela liberdade, apesar do aumento exponencial da violência nas ruas.

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A eclosão dos confrontos, a partir da convocação das manifestações pelos principais partidos da direita, é identificada na suspensão das negociações comerciais pelo governo com a União Europeia, enquanto se aprofundava a conversação sobre a adesão à união aduaneira com a Rússia e outros vizinhos.

A ascensão do fascismo no país tem sido uma denúncia constante, não só da esquerda nacional, mas também de observadores internacionais. Os comunistas ucranianos chegaram a alertar para a violência e para o seu afastamento das manifestações pelos grupos de extrema-direita.

Em um contexto de crise profunda na Europa, ainda não está claro o motivo da defesa intensa da adesão ao bloco europeu. Mas esta reivindicação acaba por dissipar-se nas bandeiras mais amplas sobre a suposta ingerência russa e nos subsequentes casos de violência, com a acusação sobre a repressão.

No fim de semana, diversos ativistas que ocupavam inúmeros prédios governamentais na capital, Kiev, e em outras cidades, deixaram os edifícios para cumprir o prazo estabelecido pelo governo, após a aprovação de uma anistia aos envolvidos, à exceção daqueles que cometeram crimes graves, como o assassinato. Os partidos da oposição vinham recusando a exigência de evacuação dos escritórios governamentais.

Disseminação da violência e ameaça de sanções

São diversos os relatos que mostram as forças de segurança como diretamente atingidas pela violência dos protestos, entretanto. Além disso, as posições de negociação do governo são constantemente rechaçadas pela extrema-direita no país, o que levanta a questão sobre a real intenção de um diálogo político.

Em uma declaração emitida nesta quarta-feira, o chanceler da Rússia Serguei Lavrov voltou a alertar para a ingerência ocidental e para a tentativa de um golpe de Estado na Ucrânia. Lavrov acusou as instituições europeias de “recusarem-se a admitir que toda a responsabilidade pelas ações das forças radicais é da oposição.”

“A Rússia exige que os líderes nas ruas parem a violência em seu país, retomem imediatamente os diálogos com um governo legítimo, sem ameaças ou ultimatos,” continua.

Mesmo assim, a Comissão Europeia deve reunir-se de forma extraordinária nesta quinta-feira (20) para discutir a imposição de sanções contra a Ucrânia. “Deixamos claro que a UE vai responder a qualquer deterioração no terreno. Por isso, esperamos que as medidas direcionadas contra aqueles responsáveis pela violência e pelo uso excessivo da força sejam acordadas pelos nossos Estados membros como questão de urgência,” disse o presidente da Comissão, José Durão Barroso, através de um comunicado.

Segundo o Ministério do Interior ucraniano, a polícia não tem usado armas de fogo, mas algumas das mortes relatadas são consequências de ferimentos de balas reais. Por isso, a responsabilização dos líderes nos protestos é enfatizada.

Da redação do Vermelho,
Com informações das agências