Violência oposicionista é minoritária na Venezuela, diz estudo

A última pesquisa de opinião realizada pelo instituto venezuelano Hinterlaces assinala que 83% da população rejeita a violência gerada pelos setores corretos de rua, disse nesta terça-feira (25) o chefe da agência, Oscar Schemel, no programa Primeira Página do canal Globovisión.


Manifestantes entram em confronto com policiais em Altamira, no leste de Caracas. Foto: EFE
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Segundo Schemel, apenas dois de cada 10 venezulanos está de acordo com "a ideia de sair às ruas para provocar a deposição ou a renúncia" do governo nacional. "Não é correto afirmar que a sociedade civil está na rua. As manifestações se concetraram no corredor eleitoral da oposição e, especialmente, nos setores de classe média e isso não representa todo o país", disse ele.

Ele observou que 71% dos entrevistados acham que o caminho para resolver as diferenças políticas é constitucional. "A votação está profundamente instalado na cultura política venezuelana", afirmou Schemel. O estudo "Monitor País" revelou ainda que 85% da população venezuelana exige que se tomem medidas e punições contra a violência e 83% rechaça os atos violentos de qualquier grupo político.

Schemel sugeriu que o governo de Nicolás Maduro "reestabeleça a esperança" diante da demanda de estabilidade esconômica dos setores populares. "O desafio do oficialismo é levantar uma visão, mas sem abandonar a linha do discurso, ou seja, de onde viemos, onde estamos e para onde vamos", disse o diretor do Hinterlaces.

Apesar das recomendações, a pesquisa indica que os níveis de esperança em relação ao governo venezuelano seguem altos. 78% dos entrevistados afirmou ter esperança, mas 39% afirma estar preocupado diante da situação atual.

Violência

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, informou neste domingo (22) a morte de um jovem no oeste do país apunhalado numa barricada montada nos protestos que se repetem desde o dia 12 na Venezuela e que já custaram 11 vidas.

Pedro Pablo Rivero, 81 anos, participa de passeata de anciãos em apoio ao governo de Nicolás Maduro
na capital da Venezuela, Caracas. Foto: AP.
 

Em discurso a centenas de idosos, que marcharam até o palácio presidencial em apoio a seu governo, Maduro disse que o jovem Danny Vargas morreu em uma "guarimba" (barricada popular) no estado de Táchira, na fronteira com a Colômbia, quando foi esfaqueado por "um senhor humilhado" ante os manifestantes.

"Quando o jovem pretendia passar pela barricada, da qual não participava, chegou ao lugar uma pessoa que tinha sido agredida e o matou com uma arma branca. Um senhor humilhado e um rapaz vítima da agressão dos guarimberos e depois a violência incontrolável: ambas, vítimas", disse Maduro, que denuncia uma tentativa de "golpe de Estado prolongado e fascista" contra ele.

As manifestações se repetem diariamente na Venezuela desde o dia 12 de fevereiro. Tanto governo como oposição multiplicaram os apelos para que as manifestações aconteçam sem recorrer à violência, que além dos 11 mortos deixou mais de 150 feridos e dezenas de detidos.

Théa Rodrigues, da redação do Vermelho,
Com informações da Hinterlaces, AVN e EFE