Jandira Feghali: Diálogo venezuelano 

É preciso um sopro de temperança e clareza na crise que se instala na Venezuela. O país latino-americano atravessa um mar revolto em protestos sociais, mas navega sob a égide da democracia. Uma República que possui governo eleito por seu povo e com uma Constituição Federal que deve ser cumprida. Uma Lei Maior aprovada por 80% de sua população.

Por Jandira Feghali* 

Nós defendemos o direito de manifestação de um povo e reiteramos a necessidade de que esse processo social seja feito de forma pacífica. Como em qualquer nação, assim como no Brasil, é preciso acabar com a violência crescente nos protestos, que gera mortes e acaba por desvirtuar o tema que se conclama nas ruas. A urgência social é colocada de lado na presença da dor e da morte.

Não se pode aceitar que essa violência e a ação de provocadores se mantenham na nau das manifestações, assim como ocorre com forças opositoras e externas que tentam reverter o quadro político e independente dos países da América Latina. Com profundos interesses capitalistas e de exploração econômica, tentam fazer deste sensível momento um trampolim próprio para uma disputa de poder, submergindo o país em caos e instabilidade.

A Venezuela possui autonomia plena para lidar com suas demandas internas e não nos cabe interferir. Assim como anunciaram os países da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) e do Mercosul, fazemos ao povo irmão venezuelano um chamado à paz e à tranquilidade, reforçando o Estado de Direito e respeitando suas instituições. Que o diálogo entre Governo e povo exista e, mais do que isto, seja canalizado por todas as vias democráticas.

*É médica, deputada federal pelo PCdoB do Rio de Janeiro e líder da bancada na Câmara.