Frente Sandinista recebe importante respaldo popular na Nicarágua

Os resultados das recentes eleições regionais na costa caribenha de Nicarágua mostram que a Frente Sandinista de Liberação Nacional (FSLN) mantém-se como a principal força política no país, de acordo com o portal da Prensa Latina. Após as eleições, o Conselho Supremo Eleitoral informou que a frente superou seu maior opositor com uma diferença de 28,93% dos votos na Região Autônoma do Atlântico Sul (Raas). Na Região Autônoma do Atlântico Norte (Raan), a diferença foi ainda maior, de 30,56%.

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As eleições da semana passada contavam com 11 opções eleitorais, mas a FSLN venceu com grandes margens. Em ambas as regiões autônomas, conhecidas na Nicarágua como a costa Caribe, antes de receber as autonomias, eram o departamento de Zelaya, que ocupava cerca de metade do território nacional.

A Lei 28, assinada em 7 de setembro de 1987, separou esta grande extensão de terra em duas regiões que hoje ocupam mais de um terço da superfície nicaraguense, e onde habitam quase 13% da população nacional. Como esta zona nunca foi colonizada pelos espanhóis, os povos indígenas conformam a maioria da população, em contraste com a região do Pacífico.

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Mais de 301 mil habitantes foram convocados às urnas para escolher, entre os diferentes partidos políticos e alianças, aos 45 conselheiros de cada região. Após mais de 40 dias de campanha, o CSE decretou o silêncio eleitoral em 26 de fevereiro e várias medidas foram tomadas para garantir a segurança nas votações.

A polícia anunciou que estaria proibida a posse de armas, inclusive para aqueles que têm permissão para portá-las. Além disso, a venda, distribuição e comercialização de bebidas alcoólicas também foram vetadas.

Como monitores do processo estiveram presentes instituições como o Conselho Nacional de Universidades e o Centro de Direitos Humanos, Cidadãos e Autonômicos e, em cada centro houve um funcionário do CSE, além dos fiscais dos partidos políticos.

Participação

Para a Prensa Latina, o ponto débil das eleições foi a baixa participação nas urnas, mas isso não retira o peso representativo da frente. Apesar dos reiterados e contínuos chamados de diversas instituições políticas e eleitorais, apenas 48% dos eleitores compareceram à votação.

Entretanto, os índices históricos de participação nas eleições regionais do Caribe ficam sempre entre os 45 e 50%. A participação foi alta apenas nas eleições de 1990, que coincidiram com as gerais, em que também se elegem os presidentes e os deputados, de acordo com Roberto Rivas, presidente regional do CSE.

É necessário também ter em contra as particularidades da costa caribenha. De acordo com uma análise divulgada pelo Judiciário nicaraguense, na Raan, 66,7% da população vive na zona rural e, na Raas, 60,4%. Ainda assim, o resultado não deixa espaço para dúvidas quanto à expressão popular da FSLN.

As políticas sociais e econômicas impulsionadas desde 2007 pelo governo sandinista, encabeçado por Daniel Ortega, e que revertem as políticas implementadas por uma série de administrações neoliberais, nos anos anteriores, receberam respaldo significativo nas urnas. Além disso, a FSLN não é maioria apenas nesta região.

A bancada sandinista ocupa 63 dos 91 assentos na Assembleia Nacional (parlamento unicameral) e grande parte das municipalidades no país. Além de contar com ampla maioria, entretanto, a FSLN prefere governar através do consenso, de acordo com o deputado José Figueroa.

“Desta maneira, a FSLN continuará com uma política de aliança, de consenso e de aproximação com todos os setores econômicos e sociais, para juntos avançarmos nesta zona do país,” afirmou Figueroa.

Com a Prensa Latina,
Da Redação do Vermelho