Manuela D'Ávila: A Adidas não nos representou 

Em mais uma passagem do Dia Internacional da Mulher é lamentável que a figura feminina ainda seja alvo fácil de desrespeito, como presenciamos no caso Adidas, divulgado pela mídia há alguns dias. Ativas na economia, as mulheres contribuem, na Classe C, com 41% da renda família. Ainda assim, são alvo de metáforas que reforçam estigmas que tanto batalhamos para apagar.

Por Manuela D´Ávila*

A Adidas comercializou nos Estados Unidos camisetas com apelo sexual vinculado à Copa. Mulheres voluptuosas junto a pontos turísticos e trocadilhos machistas estampavam as peças. É como se as cicatrizes de luta por uma vida mais digna de milhares de mães, estudantes, adolescentes, donas de casa e empresárias, mulheres batalhadoras deste Brasil, fossem resumidas para o mundo no desenho de uma camiseta: um coração que conota um traseiro de biquíni. Torpe e injusto.

A propaganda recebeu moção de repúdio de todos que defendem os direitos em favor das mulheres. Mesmo com a representatividade crescente feminina no cenário político e econômico, a mulher ainda é tratada como um produto? A mulher representa 42,3% da mão de obra do país e ainda é vista como um objeto? O legado que o Brasil tem para suas mulheres passa longe do fomento ao turismo sexual.

Avançamos quando elegemos a primeira presidente mulher no nosso país.Temos partidos que discutem a igualdade de direitos e de espaços entre homens e mulheres. Temos grandes empresárias. Estamos vendo nascer cada vez mais empreendedoras. Ainda assim, há grandes desafios a serem superados. Almejamos o crescimento do empoderamento das mulheres como pessoas e cidadãs.

Que neste 8 de março consigamos reafirmar a imagem do Brasil que queremos, com mulheres sujeitos de direito, retrato que em nada combina com o estereótipo de mulheres objeto.

*É deputada Federal pelo PCdoB do Rio Grande do Sul)