Aumenta número de metalúrgicas, porém salário continua menor
As mulheres ocupam cada vez mais espaço no mercado de trabalho, porém esse crescimento não se traduz em salários justos. Sim, ainda hoje as mulheres – simplesmente por serem mulheres – recebem menos que os homens.
Publicado 12/03/2014 11:06
No setor de metalurgia não é diferente: o número de mulheres dobrou nos últimos onze anos, chegou a 445 mil em 2012. Porém, entre 2010 e 2011, a remuneração média das mulheres era 27,9% menor que a dos homens.
“Realmente, o principal problema ainda é salarial” afirma Eremi Melo, secretaria de Formação da Fitmetal. “As mulheres ainda são vistas, equivocadamente, como ‘mão de obra de reserva’. não há uma cultura de promoção, nem plano de cargo e salário para as mulheres. O que se configura como uma clara discriminação de gênero” completa.
Segundo ela, a mecânica dessa discriminação, quanto ao salário, é simples: quase sempre, a empresa oferece cursos técnicos e de especialização somente para os homens, apesar das mulheres terem maior escolaridade.
Alegam que homens não tem vida doméstica, o que “auxilia” no aproveitamento de cursos e desempenho em suas funções. Um levantamento do Dieese mostra ainda que, entre as mulheres metalúrgicas, 15,48% concluíram o ensino superior. Já entre os homens da categoria, o percentual é de 9,27%.
O estudo foi feito a partir de dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) e do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), ambos do Ministério do Trabalho e Emprego. “Com essa desculpa, os cargos mais altos são reservados somente para os homens. E a empresa usa esse descabido argumento para nos rebaixar” analisa Eremi.
Raimunda Leone de Jesus, secretaria da Mulher da Fitmetal, também aponta outra injustiça sofrida pela mulher metalúrgica. “Essa diferença salarial que somos vítimas – uma verdadeira violência contra a mulher – também se reflete, de maneira muito impactante na previdência social, afinal, salários menores significa uma aposentadoria menor” diz ela.
Salários menores é só a ponta de um grande problema que enfrentado pelas mulheres trabalhadoras. “Um exemplo disso é uma mulher que trabalha não pode levar o filho ao médico, pois terá seu dia de trabalho descontado. Temos necessidade políticas públicas que forneçam creches no local de trabalho” aponta Raimunda.
Eremi Melo ressalta que as mulheres são as que mais sofrem em decorrência do trabalho na metalurgia. “As doenças no trabalho sempre foram um dos grandes problemas para as mulheres metalúrgicas. Além disso, elas também são as mais flageladas o assédio moral e sexual” diz.
Fonte: CTB