Reunião entre Lavrov e Kerry termina com mesmas divergências

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, não apresentou qualquer ameaça à Rússia durante as conversações com o ministro russo Serguei Lavrov, realizadas nesta sexta-feira (14)em Londres, declarou o chefe da diplomacia russa a jornalistas, lembrando que os parceiros da Rússia entendem a improdutividade das sanções.

Levrov e Kerry reuniram-se em Londres

Falando sobre o resultado esperado do referendo na Crimeia, o ministro declarou: "É inútil continuar a especular, resta apenas aguardar os resultados. O direito dos povos à autodeterminação não foi abolido. Isso está estipulado na Carta da ONU".

Kerry deixou a reunião dizendo que "Putin não está preparado para tomar qualquer decisão sobre a Ucrânia antes do referendo de domingo", reiterando que Washington e seus aliados europeus consideram o referendo "ilegal" e já adiantou que não irá reconhecer o resultado da consulta pública.

Apesar das seis horas de reunião, as divergências entre as duas nações não foram contornadas. "Nós não temos uma visão comum" sobre a Ucrânia, apesar de "o diálogo ter sido muito construtivo", declarou Lavrov, logo após a reunião.

Indagado sobre os incidentes ocorridos na quinta-feira em Donetsk (leste da Ucrânia), Lavrov assegurou que Moscou "não tem e não terá o projeto de invadir o sudeste da Ucrânia sob o pretexto de que os direitos dos russos, húngaros, búlgaros e ucranianos devem ser protegidos".

Apesar de negar novas pressões, Kerry prometeu que a Rússia irá enfrentar sanções, caso o referendo da Crimeia seja realizado.

"Se o referendo acontecer, vão existir algumas sanções, haverá alguma resposta", disse Kerry.

Crimeia é caso ainda mais especial do que Kosovo

Ainda assim, o encontro serviu para que ambos os países concordassem que a Ucrânia precisa de uma reforma constitucional, com igual participação de todas as regiões do país, segundo declarações do ministro russo.

O ministro confirmou que a Rússia irá respeitar a decisão do povo da Crimeia, tomada no âmbito de um referendo em 16 de março, salientando que a Crimeia é um caso ainda mais especial do que o Kosovo.

Rússia denuncia inação de União Europeia

Ao mesmo tempo, em Moscou, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia declarou ter ficado surpreendido com o caráter antirusso da resolução do Parlamento Europeu sobre a Ucrânia, caraterizando seu texto como injusto e inaceitável, e as conclusões como uma tentativa de distorcer a essência do que está acontecendo.

"Nós consideramos este documento como mais uma prova da recusa persistente dos deputados europeus de se basearem, no seu trabalho, no bom senso e em fatos objetivos", afirma um comentário do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

Sublinha-se que os deputados europeus estão dispostos a fechar os olhos à presença de forças radicais de direita em Kiev, responsáveis pela ilegalidade e o medo que prevalece nas ruas de cidades ucranianas.

Do Portal Vermelho, com agências