Juventude: Virna Sena Avelar entrevista Renato Rabelo

Frequente colaboradora do Vermelho/CE, a estudante Virna Sena Avelar (13 anos), entrevistou o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo. Na pauta, o papel da juventude na política nos dias de hoje e no passado. Confira a seguir a íntegra da entrevista:

Renato, sabemos que o senhor já foi vice-presidente da UNE. Que recado daria aos jovens da atualidade?

Os jovens são uma força motriz para o país, sobretudo se o jovem se organiza, luta de forma organizada, por seus interesses, por seus anseios. O Brasil daqui pra frente é um país em que os jovens vão ter um papel muito importante, e eu acredito que os jovens têm conseguido isso porque, no Brasil, os jovens são sempre termômetros de uma situação que já vem acontecendo e eles são os primeiros a levantar. Essa tem sido a experiência nossa na história do Brasil. Quando os estudantes se levantam e começam a cantar, algo de importante vai acontecer na sociedade, é sempre uma força que vai para frente. A juventude hoje em dia tem o poder de abrir caminhos, ela é mais desenvolta… E tem sido assim na história política brasileira.

Há uma onda de boatos relatando a redução da maioridade penal. Que comentário você pode fazer sobre isso? Como seu Partido se posiciona?

“A nossa posição é muito clara, temos tido a posição de NÃO aceitar esse tipo de imposição. Nós consideramos uma imposição de forças conservadoras que querem resolver o problema social e o problema da violência no Brasil colocando em foco o jovem. O alvo não é o jovem. Nós temos que resolver esses problemas de forma que o Brasil avance, para que essa juventude e o nosso povo tenham melhores condições de vida. É exatamente essa fase que nós estamos vivendo, que é necessário que nós tenhamos Saúde e Educação Universal para todos. Querer resolver um problema que envolve mudanças importantes no país, então o Brasil teria de passar por reformas na segurança, mas culpar o jovem por isso? É que hoje as cidades cresceram muito rapidamente e viraram grandes cidadelas em que ficou muito difícil viver nessas grandes cidades, onde existem muitas periferias, transporte público deficitário, até mesmo falta de lazer para essa juventude, tudo isso tem múltiplas dificuldades. Temos que enfrentar esse problema, pois é isso que leva os jovens à criminalidade. Você querer criminalizar o jovem tão cedo? Então eu sou contra a redução da maioridade penal, mas nós continuamos com a ideia de que com 16 anos, o jovem deve votar, não é obrigatório, é voluntário, e que com 18 anos ele já tem mais maturidade, que ele vote e possa assumir o que faz.

Esse ano faz 50 anos do Golpe Militar. Sabemos que você foi um dos que foi perseguido durante a Ditadura. O que você diria aos jovens que não conhecem essa história? O que o seu Partido tem a dizer?

“O golpe aconteceu há 50 anos, e de lá pra cá, ainda tiveram 20 anos de Ditadura. Então 30 anos, historicamente, não é muito tempo. Mas tem jovens que nem sabem que a Ditadura existiu. Aqueles 20 anos foram muito importante para chegarmos hoje, com liberdade e democracia. Então o papel de quem resistiu foi muito também importante. Por isso nós temos que lembrar deles para a juventude saber que chegamos onde chegamos. Não foi fácil, não foi uma reta, tiveram altos e baixos e quem resistiu à Ditadura foram os jovens daquele tempo, os estudantes. A Ditadura chegou ao fim por isso, a resistência dos jovens foi muito grande. A liberdade e a democracia de hoje vêm dessas lutas dos jovens daquele tempo.”

*Texto e fotos de Virna Sena Avelar, 13 anos, estudante.