Opositor venezuelano concede entrevista infudamentada à TV Globo

Mesmo após insulflar diversas manifestações violentas contra o governo de Nicolás Maduro, o opositor venezuelano Henrique Capriles concedeu, nesta segunda-feira (17), uma entrevista ao Programa do Jô da TV Globo, afirmando que “nunca planejou mudar o governo de uma forma que não seja democrática”.

Opositor venezuelano concede entrevista infudamentada à TV Globo - Reprodução

O governador do Estado de Miranda e ex-candidato presidencial tentou, mas não conseguiu vencer a Revolução Bolivariana. Os sucessivos fracassos debilitaram a oposição que, sem representatividade suficiente para tirar o chavismo do poder por via eleitoral, busca alternativas mais radicais.

Capriles disse que denunciou “a eleição de 2013 em instâncias internacionais porque os poderes na Venezuela estão todos a serviço das causas do governo". Recentemente, o jornalista e professor Igor Fuser, publicou um artigo no jornal Brasil de Fato, lembrando que “as (recentes) manifestações da direita (venezuelana) refletem o desespero da parcela mais extremista da oposição, que não se conforma com o resultado das eleições de 2013”, quando Maduro venceu o pleito por uma estreita margem.

Desde então, passou a fazer parte da estratégia oposicionista as tentativas de desestabilização do governo democraticamente eleito. Capriles não reconheceu o resultado das eleições, alegou fraude e passou a considerar Maduro um presidente ilegítimo. Tempos depois, ele se candidatou a governador e foi eleito pelo mesmo sistema, que anteriormente considerava “fraudulento”.

"Há ampla liberdade política no país, que é regido por uma Constituição democrática, elaborada por uma assembleia livremente eleita e aprovada em plebiscito. Nos 15 anos desde a chegada de Hugo Chávez à presidência, já se realizaram 19 consultas à população – entre eleições, referendos e plebiscitos – e o chavismo saiu vitorioso em 18 delas", lembra Fuser.

Durante a entrevista a Jô Soares, Capriles também acusou o governo de usar uma abordagem que estimularia a violência em vez de tentar conter os crescentes índices de assassinatos no país. No entanto, no final do mês passado, os partidos da oposição venezuelana reunidos em torno da Mesa de Unidade Democrática (MUD) se negaram a participar do diálogo de paz proposto pelo presidente Maduro.

Na época, o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, escreveu em sua conta no Twitter: "Confirmado: a MUD não quer paz, decidiram não comparecer ao convite do companheiro Presidente, só o que os move é o cálculo politiqueiro".

Capriles também disse que não concorda com a maneira como o governo dialoga e reclamou da falta de liberdade nos meios de imprensa. Contudo, cerca de 80% dos meios de comunicação pertencem a empresas privadas, quase todas de orientação opositora. O governo recebe o apoio das emissoras estatais e também de centenas de rádios e TVs comunitárias, ligadas aos movimentos sociais e às organizações de esquerda. Isso garante a pluralidade política e ideológica na mídia venezuelana.

Diversos analistas afirmam que o que está em curso na Venezuela é um “golpe lento” ou “golpe suave”, baseado em debilitar gradualmente o governo até gerar as condições para o assalto direto ao poder. Trata-se de criar uma situação de caos até o ponto em que se possa dizer que o país está “à beira da guerra civil” e pedir uma intervenção militar de estrangeiros.

Essa teoria está exposta no ensaio intitulado Da Ditadura à Democracia, de autoria de Gene Sharp, da Instituição Albert Einstein, que descreve 198 métodos para derrocar governos mediante “golpes suaves” e expõe a estratégia dos cinco passos para sua execução.

A agenda da direita venezuelana atualmente está concentrada em gerar desestabilização e promover o desconhecimento à institucionalidade do país. O objetivo real da oposição é conseguir o poder político por qualquer via frente ao governo constitucional. A direita nunca renunciou às suas opções de atingir o poder por qualquer método, inclusive se isso implica a perda de vidas humanas, tal e como ocorreu durante o breve golpe de estado de 2002 ou em ocasião da derrota eleitoral de abril de 2013.

Théa Rodrigues, da redação do Vermelho,
Com informações do Brasil 247, Brasil de Fato e de agências de notícias