João Ananias homenageia o “Dragão do Mar” em cerimônia na Câmara

O deputado federal João Ananias (PCdoB-CE) falou em nome do PCdoB na Sessão Solene, realizada nesta terça-feira (18/03), na Câmara Federal, em homenagem aos Heróis da Luta contra a Discriminação Racial e os 130 anos da Abolição da Escravatura no Ceará. Durante sua fala, ele destacou a trajetória de luta dos heróis abolicionistas, lembrando que “Dragão do Mar foi o mais bravo abolicionista de seu tempo”.

Nascido em Canoa Quebrada, hoje Município de Icapuí, em 15 de abril de 1839, Chico da Matilde só aprendeu a ler aos 20 anos, quando começou a trabalhar nas obras do porto de Fortaleza. Foi então que iniciou o trabalho como Marinheiro num navio que fazia linha entre o Maranhão e o Ceará. João Ananias ressaltou que Chico da Matilde morreu no dia 6 de março de 1914, completamente abandonado por todos aqueles que projetaram e exploraram sua coragem e destemor.

João Ananias acrescentou ainda que a história de Dragão do Mar deve ser lembrada por todos que sofrem com preconceito nessa sociedade injusta. Na ocasião, ele destacou o trabalho do artista plástico e escritor cearense Audifax Rios que escreveu sobre Dragão do Mar . Ananias fez doação desse livro de Audifax para as bibliotecas da Câmara e do Senado.

Discurso na íntegra

É com muita honra que como Deputado cearense e falando em nome do meu Partido o PC do B, participo desta Sessão Solene na Câmara Federal em homenagem ao grande herói abolicionista do Ceará, Francisco José do Nascimento, o "Chico da Matilde", imortalizado como o Dragão do Mar.

Nascido em Canoa Quebrada, hoje Município de Icapuí, em 15 de abril de 1839, ficou órfão de pai precocemente e pelas dificuldades vivenciadas, desde criança envolveu-se com o cotidiano do litoral. Só aos 20 anos aprendeu a ler, em 1859, quando começou a trabalhar nas obras do porto de Fortaleza. A partir daí iniciou o trabalho como Marinheiro, num navio que fazia linha entre o Maranhão e o Ceará, quando passou a conviver com as agruras e sofrimento dos escravos transportados.

Em 1874 foi nomeado Prático da Capitania dos Portos convivendo ainda mais com o drama do tráfico negreiro. Começa a se envolver com a luta abolicionista, que culminou com o fechamento do Porto de Fortaleza para embarques de escravos com destino a outras Províncias, em janeiro de 1881. Em agosto do mesmo ano, houve outra tentativa de embarque, também impedida pelos "Lobos do Mar". Se algum navio adentrava ao porto, ele próprio se dirigia em sua jangada até lá para comunicar o rompimento do tráfego negreiro no Estado. Então os Abolicionistas Cearenses consideraram a partir daí, o porto do Ceará definitivamente fechado ao tráfico interprovincial de escravos.

Dragão do Mar participou ativamente de outras formas de luta, inclusive do roubo de escravos, que muitas vezes os escondia em sua própria casa, onde construiu um galpão para tal fim. Em dezembro de 1881, foi fundada a Sociedade Cearense Libertadora. O Jangadeiro abolicionista estava presente na Sessão da Assembleia, em 24 de maio de 1883 que libertou os escravos de Fortaleza, em seguida aconteceu a libertação dos escravos da Província do Ceará, em março de 1884, garantindo-lhe a honrosa alcunha de "Terra da Luz", pelo fato de ter sido o primeiro estado brasileiro a libertar seus escravos.

Em 14 de março de 1884, o Dragão do Mar parte no Vapor Espírito Santo rumo ao Rio de Janeiro, chegando em 24 do mesmo mês, onde participou de grandes festividades pela abolição dos escravos do Ceará, levando no vapor sua jangada batizada de Liberdade. Foi carregado nos braços pela Rua do Ouvidor e foi recebido pelo Imperador D. Pedro II, que o reintegrou em 1889 como prático, de onde havia sido demitido.

Chico da Matilde morreu no dia 6 de março de 1914, completamente abandonado por todos aqueles que projetaram e exploraram a coragem e destemor do Dragão do Mar, o mais bravo abolicionista de seu tempo. Parabenizo os autores desta Sessão Solene, Deputados André Figueiredo, Vicentinho e Benedita da Silva, que trazem do passado injusto esconderijo de um bravo cearense que nosso povo precisa conhecer.

Fonte: Assessoria do deputado federal João Ananias (PCdoB-CE)