Filmes latino-americanos serão exibidos na Caixa Cultural em SP

A mostra de filmes latino-americanos intitulada “Silêncios históricos e pessoais. Memória e subjetividade no documentário latino-americano contemporâneo” acontece de 26 de março a 06 de abril de 2014, no centro da capital paulista, com entrada franca e patrocínio da Caixa Econômica Federal. São 17 obras provenientes de Argentina, Brasil, Chile, México, Paraguai e Uruguai que abordam a riqueza poética, estética e política daquilo que alguns teóricos denominaram “documentário performativo”

Postal - Silêncios históricos e pessoais

Ao ser interrogada por seu pai sobre os objetivos de seu filme, Maria Clara Escobar, diretora de Os dias com ele (2013), responde que seu documentário é uma reflexão sobre “os silêncios históricos e pessoais”. Pouco antes, a cineasta assinalava a este, o filósofo e dramaturgo Carlos Henrique Escobar, que buscava reconstruir uma memória ausente sobre a história de seu pai, de seu pai com sua família, e também do Brasil e sua história política. Nestas duas passagens estão sintetizadas as características distintivas de uma nova forma de cinema documental que indaga as tensões entre história e memória, entre o familiar e o social, o público e o privado, o íntimo e o coletivo, através do prisma subjetivo de um autor que interpela a realidade, o passado e os outros, expondo sua voz e seu corpo em primeira pessoa.

Esses filmes exploram o vasto território do documentário latino-americano do século 21 a partir de uma rigorosa seleção de 17 obras provenientes de Argentina, Brasil, Chile, México, Paraguai e Uruguai que dão conta da riqueza poética, estética e política daquilo que alguns teóricos denominaram “documentário performativo”. A 50 anos do golpe de Estado no Brasil, (re)pensar os silêncios históricos faz-se ainda mais necessário, ato para o qual os filmes nos convidam.

Fenômeno chave para compreender a renovação formal, estilística e temática da não ficção contemporânea, a profusão de narrativas em primeira pessoa está em sintonia com transformações profundas na arte, na cultura e na política na América Latina. O cinema documental – previamente negligente às manifestações subjetivas do autor no seio do texto fílmico – converte-se em veículo (e, desde então, em expoente privilegiado) da necessidade dos sujeitos sociais de expressar e repensar suas identidades no marco dos discursos do real.

A mostra, que contará com a presença de realizadores e de historiadores de cinema, constitui-se, assim, em uma oportunidade única para assistir conjuntamente a filmes que marcaram os caminhos mais provocativos do cinema da região na última década, e entre os quais se vislumbram confluências tão evidentes como inesperadas: os diálogos, conflitos ou tour de force entre filhas e pais (Diário de uma busca, Espeto de pau, Família típica, Os dias com ele, Os loiros, Papai Iván); as travessias históricas e familiares (Fotografias, O eco das canções, O prédio dos chilenos, Segredos de luta, Um pogrom em Buenos Aires); as pesquisas pessoais, políticas e cinematográficas (A garota do sul, Em busca de Iara, M, Perdida); e as reflexões de cineastas e militantes políticos (Diga a Mario que não volte, Rua Santa Fe).

Filmes em cartaz

A garota do sul (La chica del sur). José Luis García, 2012, Argentina, 94’. Livre
Diário de uma busca. Flavia Castro, 2010, Brasil/França, 108’. 10 anos
Diga a Mario que não volte (Decile a Mario que no vuelva). Mario Handler, 2007, Uruguai/Espanha, 82’. 12 anos
Em busca de Iara. Flavio Frederico, 2013, Brasil, 91’. 12 anos
Espeto de pau (Cuchillo de palo). Renate Costa, 2010, Paraguai/Espanha, 93’. 12 anos
Família típica (Familia tipo). Cecilia Priego, 2009, Argentina, 75’. 12 anos
Fotografias (Fotografías). Andrés Di Tella, 2007, Argentina, 110’. Livre
M (M). Nicolás Prividera, 2007, Argentina, 140’. Livre
O eco das canções (El eco de las canciones). Antonia Rossi, 2010, Chile, 71’. Livre
O prédio dos chilenos (El edificio de los chilenos). Macarena Aguiló, 2010, Chile/Cuba/França/Holanda, 95’. Livre
Os dias com ele. Maria Clara Escobar, 2013, Brasil, 105’. 14 anos
Os loiros (Los rubios). Albertina Carri, 2003, Argentina, 89’. 14 anos
Papai Iván (Papá Iván). María Inés Roqué, 2004, Argentina/México, 55’. 14 anos
Perdida (Perdida). Viviana García Besné, 2009, México/Espanha, 94’. 14 anos
Rua Santa Fe (Calle Santa Fe). Carmen Castillo, 2007, Chile/Bélgica/França, 167’. Livre
Segredos de luta (Secretos de lucha). Mariana Bidegain, 2007, Uruguai/França, 85’. 14 anos
Um pogrom em Buenos Aires (Un pogrom en Buenos Aires). Herman Szwarcbart, 2007, Argentina, 75’. 14 anos

erviço:
De 26 de março a 06 de abril de 2014
Horário: de terça-feira a domingo, às 15h
Local: Caixa Cultural São Paulo – Praça da Sé, 111
Informações (11) 3321 4400
Entrada: franca (os ingressos poderão ser retirados na bilheteria com uma hora de antecedência)
Capacidade: 50 lugares
Acesso para pessoas com necessidades especiais
Patrocínio: Caixa Econômica Federal

Fonte: Ascom do evento