Tânia Gurjão: “Quero compensar o que Bergson não pode fazer”

Recém filiada ao PCdoB, a administradora Tânia Gurjão Farias, irmã do histórico militante comunista, Bergson Gurjão, morto em combate na Guerrilha do Araguaia, quer colaborar com o fortalecimento do Partido.

Recebida com festa pela direção e pela militância do PCdoB, Tânia Gurjão assinou, na última semana sua ficha de filiação. Apesar de a história de Bergson estar muito ligada à decisão de fazer parte das fileiras do partido, ela ratifica que o comunismo já era tema da família há décadas. “Nós fazemos parte da quarta geração de comunistas. Meu bisavô, avô e pai sempre defenderam as causas socialistas”, ratifica.

Em casa, Gessiner e Luiza – pais de Tânia, Ielnia e Bergson e Gessiner Júnior – tinham este sentimento de solidariedade e de estudo. “Mamãe era um pouco menos porque tinha medo de que alguma coisa acontecesse com a gente. Mas o papai era mais ligado aos assuntos do comunismo. Tínhamos livros de Marx e de Lênin em casa. Ele dizia que se era pra debater algum assunto, tínhamos que conhecê-lo bem”. Seu Gessiner, segundo Tânia, era um grande admirador de Luis Carlos Prestes, a quem sempre chamava de “uma figura espetacular. “Papai foi o tronco que suportou todos os nossos impulsos”.

Com a vizinhança, eram compartilhadas as brincadeiras, os lanches da tarde e tudo mais que fosse preciso. “Nós crescemos com esta influência de dentro de casa. Seu Gessiner era capaz de tirar a roupa do corpo para dar a alguém que estivesse precisando, nem que só tivesse aquela”.

Mais velha, Tânia sempre tinha a companhia de Bergson, quer fosse no Náutico Atlético Cearense, onde jogavam basquete, quer nas saídas para distrair. “Sempre fomos muito ligados”. Lá pelo final da década de 1960, os irmãos começaram a participar das passeatas contra a ditadura. “Eu ia sempre, mas nem imaginava que o Bergson já era do PCdoB. Pensei que ele ia para defender a juventude ou as bandeiras da época”.

Projetos para o futuro

Ao longo de mais de quatro décadas, com o sumiço do irmão, a luta por sua identificação até a confirmação de seus restos mortais e o digno sepultamento no Ceará, Tânia Gurjão esteve ligada aos membros do PCdoB. “Resolvi me filiar agora porque acho que ainda tenho tempo de ajudar. Quero compensar de alguma forma o que ele quis e não pode fazer pelo PCdoB. E ainda vai ser pouco”.

Formada em administração pela Universidade Federal do Ceará, Tânia quer aliar os conhecimentos que tem no intuito de colaborar com o Partido. “Quero, com trabalho voluntário, ajudar a fortalecer o PCdoB”, ratifica. Sobre sua atuação, ela confirma que ainda irá conversar com os membros da direção do partido para saber como poderá contribuir da melhor forma.

Dentre os projetos de Tânia está um livro sobre a história do irmão. “Também penso em autorizar o uso da nossa imagem para ajudar os objetivos do Partido. Estou feliz por ainda ter tempo de trabalhar naquilo que era e sempre foi o pensamento social da minha família, com mais ênfase para esta última geração dos quatro irmãos: eu, Ielnia, Bergson e Gessiner Júnior”.

De Fortaleza,
Carolina Campos

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