Em Caravana, UJS revive Coluna Prestes e Guerrilha do Araguaia

Em meio às atividades que marcam os 50 anos do golpe de 1964, a União da Juventude Socialista (UJS) realiza nesta quarta-feira (16) o projeto “Lutas que construíram o Brasil: da Coluna Prestes à Guerrilha do Araguaia”. Até a próxima segunda-feira (21), um grupo de 50 jovens militantes da UJS vai visitar e percorrer trechos pelos quais passaram dois dos mais importantes levantes populares organizados no país.

Caravana UJS

O intuito da Caravana é promover a integração dos participantes com as comunidades locais por meio de palestras, debates e atividades culturais e pedagógicas.

Com apoio do Centro de Estudos e Memória da Juventude (CEMJ), da Fundação Maurício Grabois e da Comissão de Anistia, o objetivo da caravana é, nos marcos dos 50 anos do golpe, lembrar e tornar mais conhecidos os conflitos para as novas gerações. A UJS quer uma resposta para a busca das ossadas dos combatentes assassinados pelo Exército na Guerrilha do Araguaia e, também, chamar a atenção da sociedade para projeto em tramitação no Congresso Nacional que propõe mudanças na Lei de Anistia e poderá punir os torturadores do regime militar.

Programação: Palmas (TO), Xambioá (PA) E Marabá (PA)

A primeira parada do grupo será em Palmas, nesta quarta e quinta-feira (16 e 17). Na capital do Tocantins, as atividades incluem visita ao “Memorial Coluna Prestes”, localizado na famosa Praça dos Girassóis, exibição de filmes e mesas de debates sobre o movimento liderado pelo capitão do Exército Luís Carlos Prestes.

Na sexta-feira (18), a caravana segue rumo a Xambioá e São Geraldo do Araguaia, à margem do rio de mesmo nome, região conhecida como Bico do Papagaio e onde ocorreu o principal foco de luta da guerrilha de militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) contra o Exército brasileiro que impunha uma ditadura militar no país.

De Xambioá, o grupo partirá em voadeiras (barcos), em um percurso de quase 2 horas descendo o rio Araguaia, até chegar à Vila Santa Cruz dos Martírios, um dos pontos onde parte da guerrilha também se estabeleceu. O objetivo é desenvolver atividades pedagógicas junto aos moradores locais promovendo a integração, da mesma forma como os guerrilheiros fizeram na década de 1970.

No dia 19 de abril (sábado), o trajeto de volta à Xambioá será feito em pau de arara.

O final do projeto será realizado em Marabá, nos dias 20 e 21 de abril (domingo e segunda-feira), região à margem do encontro entre os rios Tocantins e Itacaiunas, localidade estratégica e também ambiente da Guerrilha do Araguaia. Lá, haverá uma sessão oficial da Comissão de Anistia.

Durante todo o trajeto na região do Araguaia serão realizadas trilhas, debates e exibições de filmes. Estão programadas as seguintes mesas de discussão: “A terra e o homem da região da Guerrilha”, “A guerrilha do Araguaia e o trabalho de juventude dos comunistas”, “A guerrilha, a geopolítica e a democracia”. E os filmes: Camponeses do Araguaia – a Guerrilha vista por dentro e Araguaia: Campo Sagrado.

A Coluna Prestes 

A Coluna Prestes foi um movimento de 1925 a 1927 liderado por militares contrários ao governo da República Velha. A insatisfação dos tenentes se dava pela falta de democracia, fraudes eleitorais, concentração de poder nas mãos da elite agrária e exploração das camadas mais pobres pelos coronéis. O movimento teve início na cidade de Alegrete (sul do Rio Grande do Sul) e, após percorrer 11 estados e cerca de 25 mil quilômetros em dois anos e meio, terminou dividido. Um grupo foi para a Bolívia e outro para o Paraguai. O núcleo fixo tinha cerca de 200 homens, porém, em vários momentos da caminhada o movimento chegou a contar com cerca de 1.500 pessoas, entre militares e simpatizantes do movimento. Um dos líderes da Coluna foi o capitão Luís Carlos Prestes.

A Guerrilha do Araguaia 

A Guerrilha do Araguaia ocorreu no início da década de 1970, na região no sul do Pará, divisa entre o Maranhão e Tocantins. Foi uma batalha desigual entre combatentes revolucionários e as forças de repressão do regime militar imposto ao país com o golpe de 1964. Desencadeada em 12 de abril de 1972, na fase mais feroz da ditadura militar, esse movimento armado, com menos de uma centena de combatentes, resistiu, heroicamente, por quase três anos, às investidas de um contingente de mais de 12 mil homens das Forças Armadas. Estima-se que pelo menos 70 dos desaparecidos políticos no Brasil tenham sido mortos por militares durante as ações de repressão no Araguaia.

Saiba mais: www.ujs.org.br

Fonte: UJS