Governo e oposição preveem "comissão da verdade" na Venezuela

Na Venezuela, governo e oposição devem formar uma comissão para investigar a violência e as denúncias relativas aos protestos iniciados há dois meses. O acordo foi firmado durante a segunda reunião entre as partes, nesta terça-feira (15), diante da presença de representantes da Unasul e do Vaticano. Também durante o encontro, representantes da oposição aceitaram participar do Plano Nacional de Pacificação, promovido pelo presidente Nicolás Maduro.

Por Théa Rodrigues, da Redação do Vermelho

Governo e oposição preveem "comissão da verdade" na Venezuela - AVN

O vice-presidente da Venezuela, Jorge Arreaza, declarou publicamente que apesar da tensão, “as partes mantiveram o diálogo, respeito e a tolerância”. Segundo informações publicadas pela agência Prensa Latina, o encontro durou mais de três horas e governo e oposição devem fazer uma terceira reunião na próxima semana.

Dentre os principais avanços destacados por Arreaza em seu discurso, está a disponibilidade da coligação opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) para integrar o Plano Nacional de Pacificação, apresentado pela primeira vez por Maduro no dia 14 de fevereiro. “Estamos dispostos a participar de planos nacionais para proteger e promover a segurança e a paz", afirmou Ramón Guillermo Aveledo, secretário-geral da MUD.

Ele disse ainda que a contribuição dos setores da oposição ao Plano Nacional de Pacificação incidirá sobre as políticas relacionadas à segurança e à punição dos delitos "de modo que possamos enriquecer esse plano", acrescentou. Na reunião, assim como os representantes do governo, a oposição condenou qualquer manifestação de violência no país e apelou pelo apoio e o respeito firme à Constituição.

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Para ativar a conferência de paz e investigar os atos de violência, o presidente venezuelano convocou uma “Comissão da Verdade”. Aveledo respaldou a convocatória do Executivo (que já havia sugerido o tema em 23 de janeiro) e anunciou a participação da MUD no que classificou como “uma comissão ampla, que não é só legislativa, mas que conta com personalidades da vida nacional, que são confiáveis para todo o país".

O secretário-geral da MUD disse que uma vez que a comissão esteja instalada "entrará em um conjunto de 60 casos de tortura e tratamentos cruéis que temos documentado". Por sua vez, o governo da Venezuela mostrou-se receptivo a qualquer pesquisa para verificar a veracidade de tais acusações. Para o vice-presidente venezuelano, Jorge Arreaza, “a verdade é o caminho para a justiça e para a paz”.

Respaldo popular ao diálogo

De acordo com uma pesquisa do instituto Hinterlaces divulgada nesta terça-feira (15) sobre o diálogo entre o governo e a oposição, 90% dos venezuelanos estão de acordo com a iniciativa. O estudo aponta também que 54% acreditam que esta contribuirá “muito” ou “alguma coisa” para resolver os problemas do país, contra 43% que responderam “pouco” ou “nada”.

Participação da Unasul

A segunda reunião entre governo e oposição foi acompanhada pelo núncio apostólico do Vaticano, Aldo Giordano, e pelos três chanceleres da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) que acompanham o processo de diálogo: Luiz Alberto Figueiredo, do Brasil, María Ángela Holguín, da Colômbia e Ricardo Patiño, do Equador.

"O governo e a MUD alcançaram importantes coincidências, condenaram a violência e comprometem-se a respeitar a Constituição em futuros acordos", escreveu o chefe da diplomacia do Equador em sua conta de Twitter.

A participação dos ministros das Relações Exteriores como observadores do diálogo foi solicitada pelo presidente venezuelano, com o apoio da comunidade internacional, que destacou o caráter democrático do governo bolivariano.

Com informações da AVN