Reunião histórica: Nicolás Maduro propõe coexistência à oposição

A busca da paz para alcançar a justiça; a construção de um modelo de coexistência; a condenação inequívoca da violência como método político; o reconhecimento do chavismo como uma corrente política e o respeito à Constituição da República Bolivariana, foram os pontos levantados pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro na primeira reunião de diálogo com os representantes da Mesa de Unidade Democrática (MUD), realizado no Palácio de Miraflores, na noite desta quinta-feira (10). 

Reunião histórica: Nicolás Maduro propõe coexistência à oposição - AVN

Maduro recebeu representantes da oposição do país com o objetivo de buscar uma solução à onda de violência que persiste desde o início de fevereiro na Venezuela. “Precisamos buscar a paz com justiça", porque "não podemos impor a violência a todos", disse o presidente venezuelano, que recordou o papel do governo no combate à violência em “estrita conformidade com a Constituição”.

No país bolivariano foram registrados 18 mil eventos violentos contra o governo. Contudo, conforme recordou o presidente, foram presas 175 pessoas e apenas 15 delas são estudantes, que são acusados de crimes graves.

Maduro também falou sobre as chamadas guarimbas (ações violentas, barricadas e bloqueios), promovidas por grupos radicais nas últimas semanas, como parte das ações de desestabilização. "Se nós fôssemos fracos e as guarimbas tivessem nos tirado do poder, quem tomaria o meu lugar? A violência é o método? Desta forma, ninguém ganharia nada, todos perderiam tudo", questionou o presidente.

Em seu discurso, ele explicou que uma coisa é a atividade de protesto que tem todas as liberdades para sua realização, de acordo com o que afirma a Constituição Bolivariana, e indicou que se o MUD quer protestar todos os dias, pode fazê-lo, desde que esta ação seja realizada por meios pacíficos e não através de uma atitude violenta.

O mandatário lembrou ainda que as manifestações violentas, convocadas pela oposição para conseguir a sua saída do poder, foram empreendidas como uma ação golpista, à margem da Constituição.

"Precisamos chamar o respeito à Constituição. Rejeitar a violência é vital, é necessário", reforçou Maduro ao pedir que a oposição trabalhe em conjunto com o governo neste sentido. O governador do estado de Lara, Henri Falcón, e do estado de Miranda, Henrique Capriles, ambos da oposição, estiveram presentes na reunião.

Coexistência

Maduro convidou os representantes da MUD para integrar a comissão política da Conferência Nacional da Paz, e, portanto, "encontrar o caminho de reconhecimento e não a forma de atalhos". Segundo o presidente venezuelano, não se trata de uma reunião para fazer “pactos”, é um encontro pelo reconhecimento, pela convivência e tolerância.

"Trabalhar juntos, não significa que nós permaneceremos em silêncio sobre nossos pontos de vista, no contexto daquilo em que acreditamos", disse ele.

O chavismo como corrente histórica

Maduro lembrou que o chavismo edificado por meio da Revolução Bolivariana, processo transformador liderado pelo comandante Hugo Chávez, tornou-se uma corrente revolucionária de origem nacional, que hoje se expressa pela voz de milhões de venezuelanos.

“Nós somos o resultado de uma poderosa corrente revolucionária, bolivariana, de origem nacional, reivindicadora das nossas raízes. Somos uma realidade social e humana, política”, exaltou Maduro, que recorreu ao legado do comandante Hugo Chávez na luta contra os fatores que ameaçam a democracia venezuelana.

“O líder da revolução, Hugo Chávez, converteu os invisíveis em seres visíveis”, afirmou Maduro, que completou dizendo que o ex-presidente trouxe a democracia social, econômica e participativa ao país latino-americano.

Nesse sentido, Maduro lembrou que há 12 anos, o país vivia momentos de angústia, em um contexto semelhante ao que existe hoje na sociedade venezuelana, referindo-se ao golpe que grupos de direita, amparados pelas cúpulas empresariais, deram em Chávez no dia 11 de abril de 2002.

Argumentos contra as acusações da oposição

Maduro citou os dados de 2012 da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), que indicam que 62,5% da renda do país foi destinada para o investimento social.

"Hoje, 1,6 milhão de pensionistas estão protegidos e a taxa de desemprego está em 7,2%, a mais baixa dos últimos 15 anos de revolução", disse o presidente venezuelano.

Papel da Unasul

“Graças ao trabalho feito com a aproximação da Unasul, do Vaticano e de distintos setores políticos convidados", lembrou Maduro, o encontro foi possível. A Unasul teve um papel-chave nos diálogos de paz entre o governo e a oposição.

Théa Rodrigues, da Redação do Vermelho,
Com informações da AVN, da Prensa Latina e de agências