Autoridade Palestina está disposta a estender diálogo com Israel

Novas informações indicam que o presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse estar disposto a estender as negociações com Israel até o final do ano, caso os três primeiros meses – a partir do prazo estabelecido anteriormente, 29 de abril – sejam dedicados à demarcação das fronteiras. Abbas também exigiria a suspensão da construção de colônias israelenses em território palestino e a libertação do último grupo de prisioneiros palestinos, conforme o compromisso assumido pelo governo de Israel.

Palestina - AFP

De acordo com o jornal israelense Ha’aretz, em matéria desta quinta-feira (17), o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) encontrou-se com ministros de Israel no dia anterior, na sede do governo palestino, Ramallah, para discutir o estado atual de suspensão das negociações e o seu futuro.

O processo diplomático, retomado em julho do ano passado, ainda não trouxe qualquer avanço para a questão palestina e para o fim da ocupação israelense, mas a iminência do seu encerramento levanta preocupações tanto para a AP quanto para Israel. Os últimos episódios incluem a recusa israelense em libertar o último grupo em uma lista de 104 – de mais de cinco mil – prisioneiros palestinos, conforme acordado para a retomada das negociações, e o recurso palestino ao direito internacional, pedindo a adesão a 15 convenções e tratados, o que Israel respondeu com sanções contra a AP.

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Entretanto, os quase nove meses de negociações já transcorridos são denunciados por diversos movimentos populares e partidos palestinos como infrutíferos e dispensáveis, uma vez que, no terreno, o povo sofre ao aumento da colonização dos seus territórios – com o anúncio constante, das autoridades israelenses, sobre a expropriação de terras e a construção de mais residências ou colônias para israelenses – e o intensificar da violência da ocupação.

Por outro lado, o presidente Abbas disse a ministros israelenses, na quarta-feira (16), que está disposto a estender as negociações por mais nove meses, desde que as condições mencionadas fossem cumpridas. Autoridades palestinas já tinham sido citadas recentemente propondo os pontos para a continuidade das negociações, o que mostra a sua disposição, ao contrário do que alegam o governo israelense, com suas acusações de que os palestinos seriam os responsáveis pela deterioração.

Todo o processo diplomático foi marcado pelas denúncias incisivas e os apelos do povo e das autoridades palestinas à responsabilização do governo israelense pela expansão da ocupação e pelo fracasso dos diálogos, sobretudo pela recusa israelense em cobrir questões centrais, como a definição das fronteiras.

A questão é uma das barreiras para o avanço da questão, embora haja consenso internacional sobre a linha demarcatória, definida com alterações acordadas à Linha de Armistício, de 1948, quando o Estado de Israel foi estabelecido, mas violadas pelos subsequentes avanços da ocupação israelense, a partir da Guerra dos Seis Dias, de 1967.

De acordo com os ministros israelenses, citados pelo Ha’aretz, Abbas voltou a enfatizar que, durante os meses de negociações até hoje, não houve qualquer discussão séria sobre as questões centrais, principalmente sobre as fronteiras, que os representantes israelenses nas reuniões recusaram-se a discutir.

O próximo encontro entre as equipes diplomáticas da AP e de Israel estava marcado para a quarta-feira, mas foi adiado para que o enviado especial dos Estados Unidos para a questão Martin Indyk chegue à região para o encontro, além de outras questões. Além das fronteiras e dos prisioneiros, os palestinos também denunciam a recusa israelense em discutir o futuro dos refugiados da Palestina, a cidade de Jerusalém, todas consideradas questões centrais.

Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações do Ha'aretz