Soldados de Israel dão testemunhos sobre violações na Cisjordânia

A organização israelense de soldados que denuncia as violações do Exército nos territórios palestinos ocupados, Quebrando o Silêncio (Breaking the Silence), completa 10 anos em junho, mês em que realiza diversas atividades para também marcar os 47 anos desde a expansão da ocupação israelense, em 1967, após a Guerra dos Seis Dias.

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“Quebrando o Silêncio” significa a violação intencional do código de silêncio do Exército pelos soldados, que cumprem o serviço militar obrigatório nos territórios palestinos. Seus testemunhos têm lançado luz sobre as graves violações cometidas pelas forças de Israel na Cisjordânia contra os palestinos, principalmente através do tratamento cruel e desumano.

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Nesta sexta-feira (9), a organização divulgou dezenas de novos testemunhos gravados em vídeo. De acordo com uma nota, “Quebrando o Silêncio” explica que, há três anos, os soldados ainda ligados às chamadas Forças de Defesa de Israel (FDI) resolveram identificar-se enquanto davam seus testemunhos sobre as violações dos direitos humanos nos territórios palestinos ocupados.

“Por anos, a direita israelense e as autoridades militares nos caluniaram devido à escolha das nossas testemunhas de manterem-se anônimas. Quando fomos a público, o porta-voz das FDI saudou a medida como uma oportunidade de o Exército investigar os eventos sobre os quais testemunhamos,” explica a organização.

“Até hoje, entretanto, nenhuma investigação foi aberta e nenhum soldado cuja identidade foi revelada foi convocado ou questionado sobre as suas ações. Enquanto isso, as calúnias contra nós são mantidas,” ressalva.

A organização afirma defender o direito do público de ser informado, “de ouvir a verdade sobre o que nos enviaram para fazer. Por isso, estamos tornando público dezenas de novos testemunhos, em vídeo, que mostram a dura realidade do controle militar sobre uma população civil, a realidade das violações diárias dos direitos humanos, nas quais nós, soldados das FDI, participamos.”

Segundo o grupo, testemunhos novos mostram como esta realidade “transforma todo soldado de combate em uma ‘maçã podre’. Não há como ser um ‘ocupante moral’, assim como não há como conduzir uma ‘ocupação iluminada’,” afirma.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações de Breaking the Silence