Em reunião com Lugo, Renato Rabelo destaca a integração da AL

O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, lamentou o golpe parlamentar contra Fernando Lugo em 2012 e declarou apoio à Frente Guasu. Lembrou que na época o partido foi solidário às forças progressistas paraguaias e desde então vem acompanhando o processo político daquele país. Renato comparou a importância política de Lugo para o Paraguai à de Lula para o Brasil, porque são figuras cujo poder político vai além de seus países.

O ex-presidente Fernando Lugo, atual senador pela Frente Guasu, agradeceu pelo encontro, que caracterizou como uma “grata surpresa”. Ressaltou que o PCdoB tem “profundos sentimentos humanistas” e por isso ele compartilha dos mesmos ideais. “Para a Frente Guasu é uma grande alegria ter o Partido Comunista [do Paraguai] como membro, porque é o mais antigo do país e tem muita história.”

Renato Rabelo reforçou a necessidade da unidade entre as esquerdas da América Latina para fortalecer o projeto de integração progressista. Para ele, o ex-presidente Fernando Lugo tem um papel fundamental neste processo, no que diz respeito ao quadro político do Paraguai, que depois do golpe parlamentar de 2012 saiu dos eixos da integração.

O atual presidente do Paraguai, Horácio Cartes, tem interesse em transformar o país em um “satélite imperialista”, como diz Lugo. Cada vez mais o governo paraguaio estreita laços com os Estados Unidos e as forças armadas estadunidenses estão se fortalecendo a passos largos no país latino. Por isso a articulação internacional das forças progressistas paraguaias é tão importante para barrar a implantação de um sistema político que vai contra os princípios da maioria dos países latinos.

No maior clima "vai ter Copa", Lugo agradece o presente e brinca que vai torcer pela seleção brasileira com um "penteado do Neymar" / Foto: Mariana Serafini
 

Para Renato, a integração da América Latina é o grande objetivo das forças democráticas da esquerda. Este processo que, segundo ele, foi iniciado pelo ex-presidente Lula no Brasil, deve ser fortalecido. “Já demos importantes passos neste sentindo, mas se tem muito por fazer”, disse.
Um dos grandes desafios da integração, diz Renato, é unir a esquerda. “A unidade da esquerda é fundamental para o continente sul-americano”, afirma.

O líder comunista conta que a solidariedade internacional é um dos princípios do partido. Atualmente o PCdoB mantem relações com mais de 200 partidos e organizações progressistas em todo o mundo, mas a América do Sul é uma prioridade. “Por isso este encontro não é casual, temos objetivos comuns que estão diretamente ligados ao povo latino, além disso, temos muita admiração e um grande respeito pelo povo paraguaio”, justifica.

Renato destacou a criação dos mecanismos integracionistas da atualidade, como o Mercosul e a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e a importância de se ter lideranças em todos os períodos. “O povo latino-americano sempre teve seus grandes líderes, em todas as suas épocas, nós precisamos ter nossas lideranças agora para fortalecer nossos laços.”

Conjuntura política

Além do tema da integração, os líderes políticos também conversaram sobre a conjuntura atual de cada um dos países. Lugo falou sobre a força política que a Frente Guasu se tornou no Paraguai depois das eleições presidenciais de 2013 e o crescimento que a coalizão teve no interior do país.

Membros do Comitê Central do PCdoB com a delegação da Frente Guasu do Paraguai / Foto: Mariana Serafini

O senador Sixto Pereira ressaltou a luta dos camponeses paraguaios que estão cada vez mais fortalecidos e organizados em busca da reforma agrária. Afirmou ainda que a Frente Guasu é incisiva no combate ao neoliberalismo tardio que o presidente Horácio Cartes tenta implantar. “Buscamos um modelo de desenvolvimento que respeite a vida, por isso este apoio que o PCdoB declara hoje é muito importante”, afirmou.

Renato, por sua vez, contou como anda o processo eleitoral no Brasil e a importância da reeleição da presidenta Dilma Rousseff para a continuidade da integração latino-americana e o fortalecimento das forças progressistas nos países vizinhos. Ele vê este momento com uma “encruzilhada política”, onde um retrocesso faria o país sair do eixo democrático e perder direitos já conquistados.