BA: Entidades se unem contra exploração sexual de menores na Copa

Entre as 12 cidades que sediarão a Copa do Mundo, Salvador ocupa a terceira posição em número de denúncias de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes, atrás apenas de Rio de Janeiro e São Paulo, primeiro e segundo lugar, respectivamente. Em 2013, foram mais de três mil casos e, entre janeiro e abril deste ano, já foram registradas 652 denúncias de abuso e 160 de exploração sexual na Bahia, de acordo com a Secretaria de Direitos Humanos do governo federal.

A um mês do mundial de futebol, entidades ligadas ao tema buscam reforçar os mecanismos de proteção a criança e ao adolescente. Segundo informações da Secretaria Estadual da Copa (Secopa) são esperados cerca de 170 mil turistas estrangeiros. Além da distribuição de cartazes, folhetos e adesivos em diversos espaços públicos, 300 profissionais estão sendo capacitados.

De acordo com Wlademar de Oliveira, coordenador executivo do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan (Cedeca-Bahia), entidade responsável pela qualificação, “o principal objetivo é sensibilizar as pessoas que atuam no receptivo turístico na Bahia, além de qualificar esse pessoal para reconhecer as situações de risco.” O treinamento é voltado para taxistas, gestores e trabalhadores de hotéis, pousadas, bares e restaurantes de Salvador, Mata de São João e da Ilha de Itaparica.

O secretário da Secopa, Ney Campello, declara que as ações de combate a exploração de jovens serão reforçadas nos 15 dias que antecedem o Mundial com a distribuição de cartilhas nos consulados, em diversos idiomas, e ações de conscientização nas sinaleiras da cidade. “Também pretendemos unir forças com o Sindicato dos Combustíveis para realizar um trabalho de sensibilização com donos e funcionários de postos e reafirmar a importância de tê-los como parceiros nas denúncias dos casos de exploração sexual”.

Seminário

O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), por meio do Centro de Apoio Operacional da Criança e do Adolescente (Caoca), realizou na manhã desta segunda-feira (19/05), o Seminário 18 de Maio – Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O evento aconteceu no auditório Afonso Garcia Tinoco, localizado na sede do MP no Centro Administrativo da Bahia.

Com quatro horas de duração, o encontro foi destinado a membros e servidores do MP, conselheiros tutelares, integrantes do Comitê Estadual de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, de instituições governamentais, do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Ceca), e à sociedade em geral.

"A discussão dessa temática não pode se restringir ao evento. A Copa está aí, e é importante criar meios de enfrentamento, mas trata-se de um problema permanente, que deve ser discutido durante todo o ano", diz a promotora da Infância e Adolescência do Ministério Público, Ana Bernadete Andrade, que tem como foco a área de vitimizados.

Dia de proteção

No domingo (18), data em que se comemora o Dia Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, representantes de entidades afirmaram que há pelo menos dois fatores que dificultam o enfrentamento do problema na Bahia: a ausência de uma rede de proteção para atender os municípios do interior e a falta de estrutura para a apuração adequada das denúncias.

"A Bahia tem 417 municípios e apenas uma delegacia especializada (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes contra a Criança e o Adolescente-Derca), localizada em Salvador. Precisamos de uma rede que contemple não só a atuação da polícia, do MP, mas que conte com psicólogos e assistentes sociais. Sem essa parceria, fica difícil combater um problema grave como esse", declara a promotora Ana Bernadete Andrade.

De Salvador,
Ana Emília Ribeiro
Com informações do A Tarde