Premiê do Vietnã conversa com eleitores sobre disputa com China

O premiê do Vietnã, Nguyen Tan Dung, encontrou-se no último fim de semana com eleitores do bairro de Hong Bang, na cidade de Hai Phong, às vésperas da próxima sessão da Assembleia Nacional. Os eleitores mostraram seu repúdio à instalação da plataforma petroleira Haiyang Shiyou – 981, de origem chinesa, em uma área considerada pelo país como zona econômica exclusiva vietnamita.

Os cidadãos concordam que essas atividades da Haiyang Shiyou – 981 e as embarcções chinesas saõ "inaceitáveis e violam a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS) de 1982, e vão contra a leis internacionais e a Declaração de Conduta no Mar Oriental entre a Associação de Nações do Sudeste da Ásia e Pequim (DOC), firmada em 2002.

"Esse ato é uma ameaça à paz, estabilidade, segurança marítima e à navegação segura no Mar Oriental", disseram.

Os eleitores pediram que o Partido Comunista, o Estado e o Governo adotem medidas eficazes para exigir que a China retire imediatamente sua equipe de perfuração das águas vietnamitas.

Governos dialogam

O ministro da Defesa Nacional da China, Chang Wanquan, que está participando no Encontro dos Ministros da Defesa China-ASEAN, se reuniu, na segunda-feira (19), com o seu homólogo do Vietnã, Phung Quang Thanh, em Naypyidaw, capital do Mianmar.

Chang Wanquan condenou o que chamou de "interferência do Vietnã nas perfurações legais da China" no mar ao redor das Ilhas Xisha e os acontecimentos violentos contra cidadãos e empresas chinesas no país.

Segundo ele, "o Vietnã deve respeitar a História e os direitos legais da China de realizar perfurações ao redor das Ilhas Xisha".

Phung Quang Thanh ressaltou que o governo do Vietnã presta atenção ao desenvolvimento das relações amistosas com a China e que o exército do país não tomará ações que possam complicar a situação.

O Vietnã está disposto a manter o diálogo com a China sobre os assuntos relativos. Mas ressaltou também que a região pertence ao Vietnã.

Quatro navios chineses chegaram, nesta segunda-feira, à província Ha Tinh para retirar os funcionários de empresas chinesas afetados pela violência.

Mais chineses deixam o Vietnã

Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hong Lei, o país enviou, na segunda-feira, quatro navios ao Vietnã para resgatar 3553 trabalhadores chineses.

"As autoridades do Vietnã devem punir as pessoas envolvidas na violência contra cidadãos chineses", defendeu Hong Lei, exigindo também a "indenização pelos danos causados" às empresas da China.

Para além dos 3553 trabalhadores que foram transportados por navios, muitos chineses retornaram ao país com a ajuda de um grupo de trabalho interdepartamental do governo chinês e a embaixada chinesa no Vietnã.

Segundo Hong Lei, a chancelaria chinesa, o grupo interdepartamental e a embaixada chinesa têm solicitado a assistência por parte do Vietnã, a fim de garantir o sucesso da operação.

Comércio Vietnã-China

O Comércio entre a China e o Vietnã sofrerá se a violência visando empresas estrangeiras no Vietnã continuar aumentando, disse na terça-feira (20) um funcionário do Ministério do Comércio da China (MCC).

Zhang Ji, chefe do Departamento do Comércio Exterior do MCC, fez as observações em uma entrevista coletiva.

Os protestos violentos fatais provocaram enormes perdas econômicas. Se a violência continuar escalando, serão prejudicados não apenas o sentimento do povo chinês, mas também a confiança das companhias tanto da China quanto do Vietnã, disse Zhang aos jornalistas.

"Isto prejudica definitivamente o desenvolvimento saudável do comércio China-Vietnã, o que a China não gostaria de ver e o que também é prejudicial para a economia vietnamita", acrescentou o funcionário.

Pelo menos dois chineses morreram e mais de 100 outros ficaram feridos durante os protestos da semana passada contra companhias estrangeiras nas províncias do centro e sul do Vietnã. Os feridos regressaram à China em voos fretados.

Com informações da Embaixada do Vietnã e Rádio Internacional da China