China protesta e convoca embaixador dos EUA para prestar explicações

A China reagiu firmemente, na segunda-feira (19), contra a decisão dos EUA de indiciar cinco oficiais militares chineses por supostos crimes cibernéticos. A Chancelaria descreveu a medida como uma “baseada em fatos fabricados”, em “grave violação das normas básicas das relações internacionais, prejudicando a cooperação e a confiança mútua entre a China e os EUA”. O governo chinês convocou o embaixador norte-americano em Pequim, Max Baucus, para dar explicações, nesta terça (20).

China - Xinhua

O porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Qin Gang, disse que a China protestou logo após os EUA terem feito o anúncio de indiciamento dos militares, e urgiu o governo estadunidense a corrigir imediatamente o seu erro, de acordo com o jornal China Daily.

Na segunda-feira, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusou cinco membros do Exército Popular de Libertação de conduzir ciberespionagem econômica de companhias norte-americanas. Foi a primeira vez que os EUA iniciaram um processo como este contra outro país.

Entretanto, o Departamento de Justiça estadunidense não esclareceu se a suposta espionagem chinesa serviria também a razões militares e de segurança nacional, pretextos que os EUA têm usado para defender-se da reação generalizada contra o seu programa ilegal de espionagem global, revelado pelo ex-técnico informático da sua Agência de Segurança Nacional, Edward Snowden.

Em Pequim, o porta-voz da Chancelaria disse que a China decidiu suspender as atividades do Grupo de Trabalho Cibernético conjunto com os EUA “dada a falta de sinceridade da parte dos Estados Unidos para solucionar questões relativas à segurança cibernética através do diálogo e da cooperação”.

O grupo de trabalho havia sido estabelecido no ano passado pelos dois governos, para lidar com as preocupações mútuas com a questão. “A China vai reagir ainda mais ao ‘indiciamento’ anunciado pelos EUA enquanto a situação evolui”, disse Qin, sem especificar se o país asiático irá retaliar indiciando oficiais estadunidenses responsáveis pelas numerosas invasões cibernéticas contra a China.

Os cinco oficiais chineses são acusados de ter roubado informações comerciais confidenciais de empresas norte-americanas especializadas em energia nuclear ou solar e do setor metalúrgico. Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, as informações confidenciais das companhias norte-americanas teriam sido utilizadas para beneficiar estatais chinesas. A acusação remete àquela evidenciada, por exemplo, sobre a espionagem estadunidense de empresas estatais como a Petrobras.

“O governo chinês, o Exército chinês ou seus funcionários relevantes nunca se envolveram ou participaram de roubo cibernético de segredos comerciais. As acusações dos EUA contra os oficiais chineses são puramente inventadas e absurdas”, disse o porta-voz, referindo-se à acusação específica feita pelo Departamento de Justiça estadunidense.

Qin lembrou ainda que a China é alvo de severos roubos cibernéticos dos EUA, grampos telefônicos e atividades de vigilância, como evidenciado por uma grande quantidade de informações já reveladas. “Nós urgimos firmemente, mais uma vez, que os EUA deem uma explicação clara sobre o que fizeram e parem imediatamente este tipo de atividades.”

Com informações do China Daily,
Da Redação do Vermelho