João Santana sobre eleição: "O que se quer é continuidade com mudança"

“Luta de ideias para renovar a esperança”, esse é o tema que norteia o Encontro Nacional de Comunicação do PCdoB, que teve início nesta sexta-feira (23), na sede do Comitê Central, em São Paulo. Neste sábado (24), o debate foi aberto pelo jornalista e publicitário João Santana, coordenador da campanha Dilma Presidenta, seguido do jornalista Miguel do Rosário, do Blog O Cafezinho e do jornalista e secretário de Comunicação de Minas Gerais Kerison Lopes. 

Encontro nacional de comunicação - João Santana - Mariana Serafini
Durante sua fala, Santana indicou que a atual disputa nos apresenta um debate que põe em evidência os conceitos de mudança e continuidade. Os quais, enfatizou ele, “são altamente multifacetados e difíceis de mensurar”. O jornalista indica que “isso exige uma reflexão mais fina, que, na atual conjuntura, deve ser feita através de filtros, tais como fatores econômicos, sociais, politico-ideológicos, etc”.

Ele lembra que é preciso levar em consideração as gradações e circunstâncias, que as situações estruturais e conjunturais nos apresentam. O que não só mexe com a subjetividade social, mas também direciona o debate para caminhos complexos e até pantanosos. “Um dos problemas que observo é que muitos setores apresentam dados e informações que tentam medir o sentimento de mudança e continuidade, que pulsa no seio social, a partir de um exame muito superficial da realidade”, indicou.

Um dos ambientes onde isso tem ocorrido, afirmou ele, é a internet. Para João Santana estamos em um momento de reestruturação midiática, no qual a internet se coloca como um fenômeno. Que, se por um lado, abre novas frentes, por outro, torna a disputa mais complexa do que em outros momentos da nossa história.

Foto: Mariana Serafini
Guerrilha virtual

“Passamos por uma encruzilhada mental”, afirmou João Santana ao refletir sobre o debate em curso. Ele destacou que é fundamental que haja uma estruturação robusta, a qual deve levar em conta a influencia da rede.

E mais, Santana afirmou que é preciso alinhavar uma espécie de guerrilha na rede, que além da contrainformação aponte os eixos do projeto de Brasil que tem sido construído desde 2003. “Precisamos usar a internet como um canal para reforçar a democracia. Precisamos fazer governança com a internet”.

“Há um forte sentido consensual de que não se quer uma mudança de rumo. O que se quer é uma continuidade com mudança ou uma mudança com continuidade”, ponderou o jornalista. E emendou: “Nosso foco é deixar claro o que foi o passado, mas ao travar a luta eleitoral, nossas armas devem ser o futuro e a esperança. Com foco em bandeiras caras para a sociedade como a reforma política”.

Anseio social

Ele lembrou que as pesquisas apontam que a vontade social é pela maior presença do Estado, um Estado ainda mais forte. “Está na rua uma cobrança por melhorias, aperfeiçoamento, envolvimento e esforço. Há uma cobrança por rapidez e eficiência em tudo que é publico; com mais diálogo, mais prestação de contas, transparência”, afirmou.

Esses resultados, refletiu o jornalista, são fruto do próprio processo de mudança que todos os brasileiros assistem desde 2003. “A sociedade muda e avança em um movimento natural e os diferentes setores da sociedade já entenderam isso. E não perceber isso e se furtar do debate é um erro”.

Foto: Clécio Almeida
Blogosfera e a luta na rede

O blogueiro Miguel do Rosário (foto ao lado) iniciou sua apresentação afirmando que “a luta na rede é antes de tudo luta de ideias”. E lembrou que as eleições em 2014 serão única, do ponto de vista da campanha na rede.

Segundo ele, um dos fatores que amplia a força da internet é o enfraquecimento, nos últimos tempos, dos demais meios de comunicação , tendo em vista que o movimento da internet vai no sentido contrario. “A internet é um espaço que permite o debate político. É um meio politico por natureza. E está claro que esse campo deve ser ocupado”, alertou Rosário.

Rosário ainda criticou a morosidade da comunicação do governo em dar resposta às pautas que fervem no seio do debate nacional e destacou a urgência de uma ação mais robusta nas redes sociais, enfatizando a indicação de João Santana de se fortalecer a guerrilha da rede.

Para tanto, o blogueiro apontou alguns fatores que precisam ser aprimorados nesse processo, tais como a plástica que traduzirá a ideologia do campo, a estética dos espaços de luta, a prática e ética dos discursos. O que, afirmou Rosário, passa pela estruturação geral da produção, levando em conta a conjuntura política, os argumentos, as forças em campo e o projeto a ser defendido.

PCdoB e a comunicação na campanha eleitoral

Em sintonia com os demais palestrantes, o jornalista Kerison Lopes refletiu sobre a estratégia de ação do Partido Comunista do brasil (PCdoB) durante a campanha eleitoral. Ele afirmou que antes de qualquer coisa é preciso que os comunistas problematizem a seguinte questão: Para que serve a comunicação eleitoral do PCdoB?

Uma das questões levantadas por Lopes, que também é secretário de Comunicação do PCdoB de Minas Gerais, é sobre o que o Partido espera da campanha em 2014. E lembrou que um dos objetivos centrais, além de fortalecer o Partido e reforçar sua presença no cenário nacional, é alavancar o número de candidatos eleitos nestas eleições.

Durante sua intervenção, o dirigente citou o caso de Contagem e pontuou a estratégia utilizada que garantiu a vitória dos comunistas. “Tínhamos um cenário complexo lá em Contagem e nossa proposta usou como arma uma campanha alegre e livre de agressões, na qual o foco foi alavancar a autoestima do cidadão de Contagem e ampliar a mobilização da militância”.


Na foto Egberto Magno, e secretário de Comunicação do PCdoB do Maranhão e Kerison Lopes, secretário de Comunicação do PCdoB de Minas Gerais. Foto: Clécio Almeida.
Sobre a atuação do PCdoB nas redes sociais, ele fez uma autocrítica e apontou que o Partido ainda não está presente, como se deve, nessa arena de luta. E lembrou que o PCdoB possui um capital intelectual rico e preparado para a disputa de ideias na rede.

“O Partido tem um diferencial perante os outros pela sua história e luta. E essa é uma arma essencial para orientar e reforçar a presença do Partido na disputa”, lembrou o dirigente.

Ao citar os programas de  TV eleitorais do partido, Kerison pontuou que a comunicação alcançou o profissionalismo, pois conseguiu traduzir, através da plástica, a ideologia e propostas do PCdoB. “Nosso programa já tem identidade própria, o que precisamos agora é ter o povo, a cara do povo e suas impressões sobre a atual realidade”, ponderou ele.

Da Redação em São Paulo
Joanne Mota