Eleição na Colômbia define rumo do processo de paz com as Farc

 Neste domingo (25), os colombianos vão às urnas para definir o próximo presidente do país. Após uma campanha marcada por acusações mútuas dos principais candidatos, o resultado do pleito não só definirá quem estará a frente do país pelos próximos quatro anos, mas também qual será o rumo do processo de paz com as Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Eleição na Colômbia define rumo do processo de paz - El Espectador

A paz com as Farc é o ponto central do debate eleitoral. Por um lado, a oposição acusa o presidente e candidato, Juan Manuel Santos, da coalizão Unidade Nacional, de usar os diálogos com a guerrilha como alavanca eleitoral para conseguir a reeleição. Uma série de denúncias também foram apresentadas nas últimas semanas contra o publicitário da campanha santista, J.J. Rendón, acusado de ter intermediado dinheiro do narcotráfico para a disputa presidencial de Santos em 2010.

O atual presidente, por sua vez, aponta o seu principal rival Óscar Iván Zuluaga, do movimento uribista Centro Democrático, como um dos mais ferrenhos opositores às tentativas de reconciliação. Em um dos últimos debates entre os elegíveis, Zuluaga afirmou que vai “rever o processo de paz”. Recentemente, um vídeo divulgado pela revista Semana, revelou uma conversa do opositor com o hacker Andrés Sepúlveda, preso por espionar o processo de paz.

Sendo assim, ao invés de propostas e debate político, os eleitores presenciaram uma “lavagem de roupa suja” entre os principais concorrentes. Temas como a crise no campo, propostas para a criação de empregos, além de soluções para a questão da violência, ficaram de fora dos debates presidenciais. Isso pode refletir diretamente durante a jornada eleitoral, pois o desinteresse pela eleição pode resultar em um alto índice de votos em branco e abstenção (na Colômbia, o voto não é obrigatório).

Outros candidatos

Enrique Peñalosa, da Aliança Verde, é favorável à continuidade dos diálogos de paz, entre as Farc e governo. Clara López e Aída Avella, duas figuras históricas da esquerda no país, tentaram lançar as bases de um debate político mais sólido, mas não conseguiram unir a oposição progressista em seu entorno. Dessa forma, segundo pesquisas de intenção de voto, a candidatura do Polo Democrático deve ficar com uma pequena porcentagem dos votos.

Jornada

Sob custódia de mais de 240 mil agentes da força pública, os colégios eleitorais na Colômbia foram abertos pela manhã e devem permanecer funcionando até 16h (do horário local). Mais de 32 milhões de colombianos poderão exercer a cidadania. A partir das 20h espera-se ter dados confiáveis sobre os resultados das eleições.

O pleito colombiano é acompanhado por mais de 4 mil observadores nacionais e por supervisores de missões eleitorais da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e da Organização de Estados Americanos (OEA).

Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho
Com informações do jornal El Espectador, Opera Mundi e da Prensa Latina