Cresce número de denúncias de assédio sexual nos ônibus
De janeiro a abril deste ano, foram feitas nas delegacias policiais 20 denúncias de assédio sexual no interior dos ônibus. O número equivale a praticamente metade dos registros ocorridos em todo o ano passado (42). Em relação ao primeiro quadrimestre de 2013, houve um aumento de 33%. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública e mostram que as mulheres estão mais dispostas a reagir a esse tipo de abuso.
Publicado 03/06/2014 21:42 | Editado 04/03/2020 16:38

“Não tenho dúvidas de que muito disso se deve à campanha contra o assédio sexual nos ônibus que lançamentos este ano. A campanha mostra para a mulher que ela não está sozinha nessa luta e que pode contar com o nosso apoio, com o apoio da Secretaria, da polícia, enfim, do GDF, do Estado”, afirmou a secretária da Mulher, Valesca Leão.
A campanha contra o assédio sexual no transporte público foi lançada pela Secretaria da Mulher em março, numa parceria com as secretarias dos Transportes e da Segurança Pública. Com o slogan “Assédio sexual no ônibus é crime. Denuncie. Ligue 190”, a campanha orienta as mulheres a acionar a polícia sempre que se sentirem alvo desse tipo de abuso.
Além de cartazes nos ônibus e spots nos rádios, a campanha promoveu a distribuição de cartilhas com informações sobre o que configura assédio, como esse crime é legalmente tipificado, como a mulher pode se defender e como os demais passageiros podem ajudar a vítima, ficando ao lado dela e servindo de testemunha caso o agressor seja levado à delegacia.
A secretária Valesca Leão disse que o crescimento das denúncias mostra também que a sociedade brasiliense está mais consciente desse problema. “Queremos o apoio da população para que possamos fazer mais parcerias e também o apoio dos meios de comunicação para fortalecer nossa luta. A população tem aceitado bem a campanha e tem usado as ferramentas que o Estado disponibiliza”, acrescentou ela.
Alessandra Plácida, 35, gerente comercial, afirma que a campanha ajuda a população a compreender que assédio sexual no ônibus é crime grave. “Além de conscientizar a mulher e os demais passageiros, serve de alerta para os agressores. Esse trabalho tem que continuar sendo levado adiante para mais pessoas”, frisou.
Para a estudante Larissa dos Santos, 17, moradora de Brazlândia, o assédio sexual no ônibus humilha a vítima e causa indignação. “As pessoas não têm o respeito que deveriam ter com as mulheres. Muitas vezes, as mulheres não denunciam porque sentem vergonha, medo ou por não saber o que fazer. Então, essa campanha tem uma importância muito grande e enfatiza o conhecimento de que temos algo a fazer contra isso e não dá para fingir que não acontece”, defendeu ela.
A secretária Valesca Leão concorda com a estudante e acrescenta que “a luta contra o assédio é grande e para conquistar a vitória é preciso vencer também o preconceito histórico contra a mulher, além do medo e da vergonha.”
A campanha da Secretaria da Mulher desenvolve ainda atividades de conscientização para motoristas e cobradores. Afinal, eles podem vir a se tornar parceiros importantes para as mulheres quando surgirem casos de assédio sexual no interior dos veículos em que trabalham.
O motorista Eulides Moreira, 40, que faz a linha Rodoviária-Guará, disse que a informação e o conhecimento são fundamentais no combate ao assédio. “Eu já presenciei essa falta de respeito. Às vezes, o ônibus nem está tão cheio e o indivíduo já vai se encostando na mulher. Temos que agir para evitar isso”, disse ele.
Já Arnaldo dos Santos, 36, que trabalha na linha Rodoviária-Águas Lindas, destacou que, além da campanha, o cidadão deve ser consciente do seu papel e agir “Eu já presenciei uma cena de assédio sexual quando fazia a linha de Brazlândia e fiquei revoltado. Levei o sujeito para a delegacia e só abri a porta do coletivo no local. Fizemos uma ocorrência. Tem que ser assim”, defendeu ele.
Fonte: Secretária da Mulher do DF