Descobertos poemas inéditos de Pablo Neruda

O poeta comunista chileno e Nobel da Literatura Pablo Neruda continua surpreendendo, às vésperas de completar 110 anos de seu nascimento (que ocorreu em 12 de julho de1904) e pouco mais de 40 anos de seu falecimento (23 de setembro de 1973, sob a ditadura do general Augusto Pinochet, no Chile) (JCR).   

Pablo Neruda
A surpresa, agora, foi a descoberta de 20 poemas inéditos, ocorrida durante a catalogação de seus escritos, anunciou a Fundação Pablo Neruda nesta quarta-feira (18). Eles foram encontrados em caixas com manuscritos de obras do poeta; segundo o anúncio, serão publicados no fim do ano, para comemorar seus 110 anos.
 
Entre os poemas, seis são de amor, confirmando uma preferência do poeta. Foram escritos a partir de 1956 e seus textos foram cuidadosamente verificados em um trabalho que durou mais de dois anos.
 
"Não foi possível determinar a data de todos esses poemas, porque nem todos têm a indicação da data em que foram escritos, pois o poeta colocava a data só às vezes", disse o diretor da biblioteca da Fundação Pablo Neruda, Darío Oses.
 
O autor de Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada deixou de viver duas semanas depois do golpe militar que levou Augusto Pinochet ao poder, e há fortes suspeitas de que sua morte tenha sido causada por maus tratos (ou falta de cuidados, pois ele sofria de um câncer). As causas de sua morte ainda não foram esclarecidas; segundo a ditadura de Pinochet, teria sido causada por complicações de um câncer de próstata. Entretanto, Manuel Araya, que era motorista de Neruda na época, ele teria sido envenenado por agentes da ditadura.
 
Fontes da editora Seix Barral, asseguram que este foi o "maior achado das letras hispanas nos últimos anos, um acontecimento literário de importância universal". O poeta e acadêmico Pere Gimferrer avalia que nos novos poemas de Neruda achamos "o poderio imaginativo, a desbordante plenitude expressiva e o mesmo dom, o apaixonamento erótico ou amatório que para a inventiva, a sátira ou o mínimo detalhe cotidiano transformado em poema".
 
A editora Seix Barral divulgou trecho de um dos poemas, ainda sem título, escrito em 1964:

 

Reposa tu pura cadera y el arco de flechas mojadas 
extiende en la noche los pétalos que forman tu forma 
que suban tus piernas de arcilla el silencio y su clara escalera 
peldaño a peldaño volando conmigo en el sueño 
yo siento que asciendes entonces al árbol sombrío que canta en la sombra 
Oscura es la noche del mundo sin ti amada mía, 
y apenas diviso el origen, apenas comprendo el idioma, 
con dificultades descifro las hojas de los eucaliptos.
 
(*) Com agências