Protesto contra revisão da política militar reúne cinco mil japoneses

Neste domingo (6), a cidade de Osaka, no Japão, foi palco de mais manifestações contra a revisão constitucional aprovada de forma antidemocrática pelo governo japonês, com o objetivo de reformular as Forças Armadas, permitindo também o envio de tropas japonesas ao exterior. Os manifestantes também pediram a eliminação da Lei para a Proteção de Segredos Específicos, aprovada no final do ano passado pelo governo do país.

Tropas do Japão - Toshifumi Kitamura/AFP/Getty Images

Mais de cinco mil representantes do Partido Democrático e do Partido Socialdemocrata do Japão participaram nas manifestações. A ex-líder do Partido Socialdemocrata, Fukushima Mizuho, lembrou que a decisão de anular uma cláusula da Constituição que proíbe a “autodefesa coletiva” vai afetar negativamente o caminho para a paz no país, cuja Carta fundamental mantinha uma tradição pacifista desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Na terça-feira (1º/7) o governo do primeiro-ministro Shinzo Abe aprovou uma resolução que anula a proibição ao direito de autodefesa coletiva através das alterações na Constituição, o que também tem sido denominada, pelos parlamentares favoráveis à medida, de “reinterpretação”.

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A reação de grande parte da população japonesa foi negativa, com críticas contundentes ao processo antidemocrático pelo qual passou a proposta e, subsequentemente, a aprovação da revisão constitucional. Além disso, analistas internacionais apontam para a influência dos Estados Unidos no processo, com reuniões e visitas de autoridades norte-americanas à região e acordos militares também obscuros.

O Artigo 9º da Constituição japonesa garante a renúncia à guerra e a sua “reinterpretação” tem sido rechaçada com maior ênfase desde a aprovação da proposta, na semana passada. Diversas manifestações de rua foram noticiadas e os principais jornais japoneses também publicaram editoriais criticando a decisão.

A mudança permite, por exemplo, que o Japão aumente o seu contingente nas Forças Armadas e que envie tropas ao exterior, caso aliados estejam em “risco”, com termos também considerados vagos e perigosos pelos críticos. Um comitê de 30 funcionários de diversos ministérios foi formado, no âmbito do Conselho de Segurança Nacional recentemente inaugurado, nos moldes do conselho estadunidense.

Segundo a emissora japonesa Nippon Hoso Kyokai (NHK), em matéria recente, as autoridades nacionais também pretendem acelerar a coordenação regional com os Estados Unidos para tentar incorporar a nova política nas diretrizes da cooperação no setor de Defesa, que devem ser revistas no final deste ano.

Da Redação do Vermelho,
Com informações das agências