Argentina rechaça ameaças de especuladores dos "fundos abutres"

A Argentina rechaçou, nesta quinta-feira (17), a ameaça dos bonistas norte-americanos, conhecidos como fundos especulativos (ou "abutres") de que se não pagar o que exigem, perderá os investimentos para desenvolver sua indústria petrolífera.

Fundos Abutres Argentina - Reprodução

O diretor da empresa petrolífera argentina YPF, Héctor Vale, qualificou de quase fantasia que os investidores respondam a uma estratégia deste setor especulativo. "Só alguém muito desinformado pode achar que pode ser afetado", sustentou.

Por sua vez, o chefe do Gabinete, Jorge Capitanich, ressaltou que esses grupos de financistas nunca investiram no país e a Argentina sempre cumpriu com seus credores. "O verdadeiro interesse dos fundos especulativos é a apropriação de recursos estratégicos do país, como Vaca Morrida, a jazida de gás e petróleo que a empresa nacional YPF explora", afirmou o chefe de ministros em sua habitual roda de imprensa matutina na Casa Rosada.

As declarações de Vale e de Capitanich ocorreram depois que o economista estadunidense Bernard Weinstein, financiado pelo grupo que encabeça a favor dos fundos especulativos, publicou um artigo no qual ameaça que Argentina perca os investimentos para o desenvolvimento de Vaca Morrida se não paga os credores.

O escrito do economista do Instituto George W. Bush por encomenda da Força Tarefa Americana para a Argentina apareceu primeiro no Investors Business Daily e depois em espanhol nos diários argentinos Clarín e La Nación, febris opositores ao governo de Cristina Fernández.

Para Capitanich, "esse interesse é o que fica plasmado explícita e implicitamente em sua estratégia de comunicação, que ontem tomou a forma de artigo em matutinos nacionais".

Capitanich recordou o contundente respaldo internacional à Argentina ante a arremetida dos fundos especulativos, manifesto pelo Grupo dos 77 mais China, a Organização das Nações Unidas e mais recentemente a Cúpula do Brics-Unasul, em Brasília.

Por sua vez, Vale perguntou-se de onde Weinstein tirou que a companhia Chevron, principal investidora em Vaca Morte, sairia do país, e advertiu que o "desejo profundo deles é se combinar com esses recursos".

Por outro lado, o juiz nova-iorquino Thomas Griesa convocou uma nova audiência no próximo dia 22 com os representantes de Argentina, os bonistas litigantes e os bancos envolvidos no pagamento da dívida reestruturada. Atuando a favor dos fundos especulativos, Griesa ordenou o embargo de 900 milhões de dólares depositados pelo governo argentino para saldar a dívida reestruturada com seus credores, que demandaram ao magistrado esta nova reunião.

Fonte: Prensa Latina