Venezuela inicia retirada de famílias da "favela mais alta do mundo"

Soldados e autoridades da Venezuela começaram a retirar centenas de famílias nesta terça-feira (22) de um arranha-céu de 45 andares que domina o horizonte de Caracas e é considerado a mais alta favela do mundo.

Favela mais alta do mundo na Venezuela - EFE

O despejo em massa da chamada "Torre de David", cuja intenção original era ser um centro bancário, mas foi abandonada em 1994 e mais tarde tornou-se a casa de cerca de 3.000 venezuelanos pobres, aconteceu de maneira pacífica.

"A necessidade me trouxe aqui, e a torre me deu uma boa casa", disse Yuraima Parra, de 27 anos, à agência Reuters, enquanto segurava sua filha bebê e soldados ajudavam a carregar suas posses para um caminhão antes do amanhecer. "Fiquei lá por sete anos. Vou sentir falta, mas é hora de seguir em frente", reforçou.

A chamada "Torre de David", cujo nome oficial é Torre Confinanzas, faz parte de um complexo arquitetônico formado por três prédios. Além desta torre principal com 45 andares — 28 dos quais estão ocupados —, há ainda outras duas: um edifício com 20 pisos totalmente habitado e um terceiro prédio com dez andares de estacionamento. A fachada da torre principal, composta em parte por vidros espelhados de escritórios, e parte por remendos de tijolos, reflete a história do edifício, cuja construção foi paralisada em meados dos anos 90, para logo ser invadida em 2007.

Inicialmente, a ocupação se deu em condições precárias, mas logo as obras internas foram sendo incrementadas. Ainda assim, não existem elevadores, e há quem suba mais de duas dezenas de andares a pé. Também há a opção de subir em moto-táxis pelas rampas do edifício, mas muitos moradores não podem pagar frequentemente os bolívares cobrados pela corrida. Moradores contam que antes temiam os episódios de violência que aconteciam no edifício, mas que atualmente a situação está mais controlada.

Um censo determinou que 1.156 famílias estão no local. "Não se trata de um despejo, trata-se de uma operação coordenada em forma harmônica com a comunidade (…) que supõe o translado de umas famílias daqui a outros urbanismos da Gran Misión Vivienda [programa governamental para habitação]”, explicou o ministro para a Transformação de Caracas, Ernesto Villegas, segundo noticiou a Opera Mundi.

O governo do presidente Nicolás Maduro ainda não disse o que fará com a torre, mas um jornal local relatou que bancos chineses estavam a adquirindo para restaurá-la e manter seu propósito original.

Com informações do Brasil 247, da Opera Mundi e de agências de notícias