Comunistas são nova vítima da “caça às bruxas” na Ucrânia

Na Ucrânia teve início o processo para eleições legislativas extraordinárias. A Rada Suprema anunciou o fim da coalizão governante Escolha Europeia. Ela foi abandonada pelas frações do partido Udar, do antigo pugilista e atual prefeito de Kiev, e do movimento nacionalista de direita Svoboda (Liberdade), do odioso Oleg Tyagnibok.

Por Igor Siletsky, na Voz da Rússia

Parlamento ucraniano

Ninguém esconde que isso foi feito para que o presidente Piotr Poroshenko pudesse marcar, no prazo de um mês, uma data para novas eleições para a Rada.

Segundo se exprimiu Tyagnibok, “um parlamento que encobre agentes de Moscou não deve existir”.

Os fundadores do movimento Maidan na Rada consideram como “agentes de Moscou”, antes de mais, os comunistas ucranianos. Eles já foram praticamente expulsos do parlamento, mas na quarta-feira isso aconteceu de forma evidente. O líder do Partido Comunista Ucraniano (PCU) Piotr Simonenko foi empurrado para fora da sala do plenário. Os peritos e jornalistas falam de uma “caça às bruxas” que alastra pelo país.

Os comunistas já eram incômodos na Rada há muito tempo e os temperamentais deputados ucranianos da coalizão de direita não o escondiam. Os ultrarradicais que enchiam o parlamento por diversas vezes se atiraram à pancada aos comunistas acusando-os de alta traição. A questão da proibição do PCU foi colocada a nível judicial, mas por mais que queiram, será impossível encontrar bases legais para essa proibição, diz o líder dos comunistas Piotr Simonenko:

“Não faz qualquer sentido falar aqui de constitucionalidade. Essa decisão atropela a vontade dos cidadãos, se trata de mais de 13 por cento dos cidadãos da Ucrânia. Nas últimas eleições 3 milhões de pessoas votaram no Partido Comunista e concederam-nos o direito de trabalhar no parlamento e de ter nossa fração parlamentar.”

No contexto deste espetáculo absurdo encenado pelas autoridades ucranianas, a proibição do Partido Comunista não surpreende ninguém. A própria paródia de julgamento dos comunistas parece ser a sequência lógica da tragicomédia política interna ucraniana. As autoridades de Kiev não se envergonham de usar os métodos do macartismo estadunidense, que foi a campanha de perseguição aos comunistas nos anos de 1940-50. Os jornalistas já falam de “turchinismo”, apesar de o presidente da Rada Alexander Turchinov ter ultimamente recuado para papéis secundários.

Também os métodos de propaganda de Goebbels não são estranhos para Kiev. Os nazistas da Alemanha queimaram, na altura, o Reichstag, acusando depois os comunistas e orquestrando o julgamento do seu líder, Gueorgui Dimitrov. Em 2014, os nacionalistas na Ucrânia queimam pessoas, abatem aviões e… tentam atirar as culpas para cima da Rússia. Para que as pessoas não conheçam a verdade, eles matam ou expulsam os jornalistas incômodos e tentam criar um bloqueio informativo total, refere o presidente do movimento de direitos humanos Russkoyazychnaya Ukraina (Ucrânia Russófona) Vadim Kolesnichenko:

“Transformar a Ucrânia num território de agressão apontado contra a Rússia é um projeto que, no essencial, foi realizado. Porque é que na Ucrânia eliminam jornalistas, porque é que o parlamento discute a proibição do acesso de jornalistas russos à cobertura dos trabalhos do parlamento ucraniano? O objetivo é só um – o bloqueio informativo e a agressão informativa contra a Rússia.”

Em geral, Kiev segue escrupulosamente o plano elaborado em Washington: está criando um Estado inimigo de Moscou nas suas fronteiras. Qualquer cessar-fogo ou negociações com a população ucraniana de tendências pró-russas não estão previstas nesse plano. Para executar esse plano, as pessoas que permanecem no poder em Kiev não irão parar perante nada, afirma o diretor do Instituto dos Países da CEI Igor Shishkin:

“Sem dúvida que para Kiev o mais importante agora é a completa supressão da resistência. Para eles esse fim justifica completamente os meios. Essas são as mesmas pessoas que executaram o crime em Odessa. Para essa gente não há barreiras morais. Se for preciso arrasar uma cidade – eles irão arrasar a cidade.”

Os políticos leais às autoridades ucranianas combatem com entusiasmo a Rússia e tudo o que é russo. Na cidade de Lvov, na Ucrânia ocidental, por exemplo, as cadeias de supermercados foram proibidas de vender produtos russos, embora os políticos se devessem preocupar mais com o poder de compra de seus habitantes. Os salários estão sendo cortados, os programas sociais são cancelados em nome dos gastos com a chamada operação antiterrorista nas regiões do sudeste. Também a mobilização geral decretada pelas autoridades está aquecendo os ânimos. Mesmo as mulheres mais antirrussas da Ucrânia Ocidental por qualquer razão não querem deixar partir seus maridos e filhos, e agora também os pais, para a chacina organizada por Kiev.

Fonte: Voz da Rússia