ONU indica que governo da Ucrânia pode ter cometido crimes de guerra

A Organização das Nações Unidas estima que ao menos 1.129 pessoas foram mortas e cerca de 3.500 ficaram feridas no leste da Ucrânia desde que o governo central em Kiev lançou uma operação militar contra os rebeldes da região, em abril, atingindo diretamente os civis. A estimativa foi calculada em um relatório divulgado pela missão de monitoramento da ONU na região e pela Organização Mundial da Saúde.

Ucrânia - AFP Photo / Genya Savilov

De acordo com o documento, os números conformam o mínimo das baixas civis na crise ucraniana, do que pôde ser confirmado até agora. A causa identificada do aumento de vítimas fatais é o intensificado bombardeio de áreas civis e residenciais e o chamado “dano colateral” das ações armadas em áreas densamente habitadas.

Além disso, mais de 100 mil pessoas já foram obrigadas a deixar suas casas no leste da Ucrânia, enquanto outras 130 mil buscaram refúgio além da fronteira, na Rússia. As autoridades de Kiev estão usando armamentos e artilharia pesada nos ataques contra áreas residenciais, enquanto os insurgentes armados, que são civis residentes destas regiões, organizados em milícias de autodefesa, “estão revidando”, diz o relatório.

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“Ambos os lados precisam tomar grande cuidado para impedir que mais civis sejam mortos ou feridos,” comenta o texto. “Já há cada vez mais pessoas morrendo, com danos graves à infraestrutura civil, o que – dependendo das circunstâncias – pode culminar em violações do direito internacional humanitário. Os confrontos devem cessar.”

Na sexta-feira (25), a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch já havia acusado Kiev de usar mísseis indiscriminadamente para atacar áreas densamente habitadas em Donetsk, no leste da Ucrânia, o que constitui um crime de guerra, além de culpar as milícias por “abrigarem-se nestas mesmas áreas”.

Crimes de guerra

“Embora os oficiais do governo ucraniano e o serviço de imprensa da Guarda Nacional tenham negado usar míssies Grad [um veículo que dispara foguetes cujo nome é atribuído aos próprios dispositivos], uma investigação da Human Rights Watch no terreno indica firmemente que as forças do governo ucraniano são responsáveis por ataques ocorridos entre 12 e 21 de julho,” diz o relatório da organização.

O documento divulgado pela ONU também faz referência ao avião da companhia Malaysian Airlines abatido no dia 17 de julho, episódio que causou a morte dos cerca de 290 passageiros a bordo. A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos Navi Pillay disse que a derrubada “horrenda” do avião aconteceu no dia exato em que o relatório era concluído, mas poderia ser classificada de “crime de guerra”.

“Esta violação do direito internacional, dadas as circunstâncias prevalecentes, podem constituir um crime de guerra. É imperativo que uma investigação imediata, detalhada, eficiente, independente e imparcial seja conduzida sobre este evento,” ela sublinhou. Devido à violência contínua na região, entretanto, os times de investigação, inclusive das polícias holandesa e australiana (nacionalidades da maioria dos passageiros que morreram) não têm conseguido chegar ao local da queda.

No domingo (27), ao menos 13 civis e provavelmente dezenas de outros ainda não confirmados foram mortos por ataques de artilharia contínuos, enquanto as tropas do governo cercaram as posições das milícias na região da cidade de Gorlovka. Entre os mortos estavam duas crianças, de um ano e de cinco anos de idade, de acordo com informações da administração regional de Donetsk.

Com informações da emissora Russia Today,
Tradução da Redação do Vermelho