A Ucrânia é o novo “melhor amigo” dos EUA
Os EUA tencionam reconhecer a Ucrânia como seu principal parceiro militar fora da Otan. Isso dificilmente irá ajudar a manter a integridade territorial da Ucrânia ou reforçar a sua democracia, mas de certeza que irá aumentar o número de vítimas da guerra que Kiev trava contra seu próprio povo.
Por Andrei Ivanov, na Voz da Rússia
Publicado 29/07/2014 19:36

O projeto de lei para o reconhecimento da Ucrânia como principal aliado militar dos EUA fora da Otan foi apresentado ao Congresso na altura em que as forças armadas leais a Kiev começaram sofrendo derrotas em combates contra as milícias do Sudeste, que defendem suas casas e famílias das forças punitivas. Os combatentes do exército ucraniano, apertados entre os milicianos e a fronteira russa, se rendem às dezenas ou, largando suas armas, passam para o território russo, onde aliás são alimentados e tratados.
Nem sequer ajuda o fato de Kiev, se aproveitando da destruição do Boeing da Malásia, a qual desviou as atenções da guerra que decorre no Sudeste, tentar esmagar os milicianos com um ataque maciço de tanques, foguetes de tiro múltiplo e aviação. Isso provocou mortes em massa entre a população civil, principalmente idosos, mulheres e crianças, mas não aliviou a situação dos militares ucranianos cercados. Só encontraram uma solução: oferecer a Kiev ajuda com material militar e conselheiros, o que permitirá reconhecer a Ucrânia como um aliado dos EUA.
Os russos têm um provérbio: “Diz-me quem é teu amigo e dir-te-ei quem és.”
A Geórgia era um grande amigo dos Estados Unidos. Os EUA ajudavam-na a modernizar seu exército. Em agosto de 2008, Mikheil Saakachvili usou o exército treinado e armado pelos norte-americanos para juntar à força a Ossétia do Sul, que se tinha separado da Geórgia nos anos de 1990 devido à política étnica incompetente de Tbilisi.
A operação do exército georgiano resultou na morte de civis da Ossétia do Sul e de soldados russos da força de paz, mas terminou com a derrota do exército georgiano.
Os EUA apresentavam a Geórgia como exemplo para todo o mundo de um país que alcançou grandes êxitos na construção da democracia. Mas neste momento Mikheil Saakachvili está sendo julgado na Geórgia por abuso de poder, inclusive por reprimir a oposição. Parece que a liberdade e democracia só existiam na imaginação dos estadunidenses, e que na realidade o regime de Saakachvili era uma ditadura. Se considerarmos também a agressão sangrenta contra a Ossétia do Sul, ele também era criminoso.
Com a Ucrânia se passa a mesma coisa. Washington e a mídia norte-americana e europeia por ele controlada admiram de forma demonstrativa a liberdade e democracia que triunfaram na Ucrânia depois do derrube do presidente “pró-russo” Viktor Ianukovitch. Entretanto, eles não querem ver que na Ucrânia está sendo formado um regime abertamente nazista e criminoso. As forças paramilitares das organizações nazistas, que foram a força de choque do golpe de Estado de fevereiro, impuseram um tributo aos empresários e aterrorizam todos os suspeitos de “não gostar” dos símbolos e das ideias do nacionalismo ucraniano.
Os jornalistas independentes são assediados e espancados. O Partido Comunista foi expulso do parlamento e na prática já foi proibido, porque seus dirigentes tentaram afirmar que o uso do exército e da aviação contra a população desarmada do Sudeste era inadmissível. Parece que o mesmo destino ameaça todos os partidos políticos que têm a ousadia de duvidar da legalidade das ações das forças no poder.
Mas Washington continua elogiando Kiev pelos êxitos alcançados no reforço da democracia e apoia a chamada "operação antiterrorista” que já provocou milhares de vítimas. Washington acusa a Rússia de apoiar os “separatistas”, inclusive fornecendo-lhes armamento e disparando contra as tropas ucranianas a partir de território russo.
Contudo, as provas disso, apresentadas pelos norte-americanos, se revelaram como falsificações. Assim como as “provas” do envolvimento dos milicianos e da Rússia no abate do Boeing malaio. No entanto, Washington está disposto a ir até ao fim no seu apoio ao regime de Kiev, o que é comprovado pela intenção de reconhecer a Ucrânia como um aliado militar dos EUA.
O objetivo é claro: transformar a Ucrânia num enclave antirrusso. Quanto a isso, será bastante pertinente recordar que planos idênticos relativamente à Geórgia foram um fiasco. A Geórgia acabou por escolher para o governo pessoas sensatas que não querem alimentar inimizades contra a Rússia. Já o destino de Saakachvili provavelmente não será muito risonho. Com a Ucrânia e seus governantes, mais tarde ou mais cedo, irá acontecer o mesmo.
Fonte: Voz da Rússia