Verdade e justiça são as propostas do Fórum de Paz da Colômbia

Ser reconhecidos como sobreviventes, comprovar que há injustiça e obter reparação são algumas das propostas colocadas pelas vítimas do conflito armado colombiano durante o Fórum de Paz da Colômbia que começou neste domingo (3) em Cali.

Alejo Vargas - CubaDebate

Mais de 1500 delegados dos 32 departamentos e convidados de outros países como El Salvador e Irlanda participam do encontro, organizado a pedido da mesa de diálogo entre o governo e a guerrilha das Farc-EP. O objetivo da atividade é dar voz aos afetados nestes mais de 50 anos de enfrentamento.

“Não existem vítimas de primeira, segunda ou terceira categoria, são todas iguais e devem ser escutadas”, afirmou na véspera do encontro o cientista político Alejo Vargas, diretor do Centro de Pensamento e Monitoramento para o Diálogo de Paz da Universidade Nacional, que busca um fórum junto às Nações Unidas na Colômbia.

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Nesta segunda-feira (4), os delegados vão trabalhar em 30 mesas e painéis que contarão com a presença de personalidades como Priscila Hayner, especialista em temas de justiça transicional e comissões da verdade além de Jean Pierre Dusingizemungu, presidente de uma rede de organizações de sobreviventes do genocídio ocorrido em Ruanda.

As voz das mulheres, que segundo dados oficiais representam 80% das vítimas do conflito, é ouvida na sede do Centro de Eventos do Valle do Pacífico. Em declarações ao jornal El País, Claudia Mejía, membro da cúpula de Mulheres pela Paz, insistiu na necessidade de se reconhecer e colocar fim à violência sexual contra as mulheres. Pediu ainda a todos os atores do conflito a adotar um acordo imediato para cessar a violência contras as mulheres.

Por outro lado, o presidente da Central Unitária de Trabalhadores, Domingo Tovar, em nome de diversas organizações sociais, apontou que mais de 1500 membros desta entidade já foram assassinados. “O movimento sindical tem sido vítima de uma cultura e uma violência antisindical sistemática, histórica, displicente, com responsabilidade do Estado e algumas organizações de produção e serviços multinacionais”, afirmou ao El País.

Neste domingo o Coordenador Residente e Humanitário da ONU, Fabrízio Hochschild, ressaltou que “todos os setores de vítimas tem sido representados” neste grande Fórum e em outros três regionais realizados em Villavivêncio, Barrancabermeja e Barranquilla.

Os resultados do encontro, que termina nesta quarta-feira (6), serão enviados às partes que compõem a mesa de diálogos, estas começarão a abordar a discussão através do ângulo das vítimas no próximo 12 de agosto, sob dez princípios de acordos que incluirão a participação direta das vítimas na mesa com sede em Cuba desde novembro de 2012.

Fonte: Prensa Latina