Comunidade Centre Ville comemora 32 anos de ocupação e resistência

A comunidade Centre Ville localizada em Santo André, no ABC Paulista, completa 32 anos de resistência e luta por moradia neste sábado (9). Na ocasião também será empossada a nova diretoria da Associação União e Luta dos Moradores do Centre Ville (Aulmcv), que completou 31 anos em março deste ano.

Por Mariana Serafini, do Vermelho

Ocupação Centre Ville - Arquivo

Para comemorar os 32 anos da ocupação do Centre Ville, que originalmente seria um condomínio de luxo em meio ao ABC Paulista, a população vai fazer uma grande festa. A programação começa cedo, logo de manhã os grafiteiros da comunidade já estarão fazendo uma intervenção artística em um dos muros do condomínio, ao som de rap e samba.

Sem deixar de lado o histórico de luta, às 15h acontecerá uma roda de debate com antigas lideranças da comunidade em frente à Associação de Moradores. Até a rua do Posto de Saúde virou palco para a Dança de Quadrilha que começa às 18h, em seguida haverá uma série de apresentações musicais e às 21h a nova diretoria da Aulmcv será empossada. Quem encerra a festa são os acadêmicos do Centro Ville às 22h.

De acordo com o presidente da Aulmcv, André Lemos, a Comunidade Centre Ville tem características muito particulares se comparada a outras ocupações que se conhece. O processo de luta pela moradia, liderado por membro do PCdoB começou ainda nos fins da Ditadura Militar, para ele este já é um feito de coragem e ousadia. André conta ainda que as primeiras famílias a se instalarem eram militantes muito politizadas.

No plano inicial o Centre Ville seria um condomínio de luxo em meio ao ABC Paulsita, projetado nos 70, antes do total desenvolvimento da região industrial, a ideia inicial acabou ficando deslocada da realidade. A empresa responsável pela construção faliu e as casas estavam abandonadas há mais de oito anos quando foram ocupadas.


A fevereiro deste ano os moradores reativaram a Associação de Moradores


Apesar de mais de 30 anos de ocupação, os moradores ainda não conseguiram a autorização jurídica para habitar o local. Esta é uma luta diária do Centre Ville. “A direção da Aulmcv tem plena consciência de que a luta continua e que deve conquistar mais espaço na conversa com a CDHU (Companhia de desenvolvimento habitacional e urbano do Estado de São Paulo). Tem mantido o respeito à história e memória dos altos e do início desta grande conquista, exemplo de organização popular com consciência de classe”, afirmou o André.

André considera que o problema da construtora responsável pelo Centre Ville na década de 70 foi uma falha administrativa e política e a população atual não tem nenhum envolvimento com essa questão. “O movimento social pela moradia iniciado na década de 80 é legítimo, assim como a conquista do Centre Ville pela classe trabalhadora”, disse.