Urariano Mota: A bomba de Hiroshima em Gaza

O escritor e jornalista pernambucano Urariano Mota, em sua coluna Prosa, Poesia e Política, fala sobre os conflitos na Palestina. “Nesta última quarta-feira (6), enquanto se dava um cessar-fogo precário, um intervalo do massacre dos palestinos pelo Estado de Israel, o mundo lembrou os 69 anos da explosão da bomba atômica em Hiroshima. Mas que coincidência, poderíamos dizer, se na história houvesse coincidências”, disse. Por Ramon de Castro, para a Rádio Vermelho

crianças palestina radio - Mohammed Salem/Reuters

“Podemos afinal dizer que o mal e o mau têm que ser destruídos, para que só então a paz volte. Mas, ao chegarmos a este passo, perguntamos: mas de que mal e maus vocês falam, caras-pálidas? Pois será que ninguém ainda notou que a nossa cara tem a cara e o sangue da gente palestina? Que eles, os palestinos, são a nossa própria cara? Será que ninguém ainda percebeu que o desespero dos povos palestinos é o nosso próprio desespero em outras terras e em outras circunstâncias?”, questiona o escritor.

“Um poema de Vinícius ordena, suplica que ‘pensem nas crianças mudas telepáticas, pensem nas meninas cegas inexatas, pensem nas mulheres rotas alteradas, pensem nas feridas como rosas cálidas…’. É esse poema, A Rosa de Hiroxima, é essa talha em versos que ordena, que resiste e insiste em nossa memória, quando vemos a foto de Hassan, de 6 anos, abatida na faixa de Gaza. Essa flor fuzilada, entre gazes, olhinhos semicerrados, é a própria Rosa da Palestina.”, falou Urariano.

Ouça a coluna na íntegra na Rádio Vermelho: