Ataque químico em Guta: Outro exemplo de manipulação contra a Síria

Muitas questões ainda estão sem resposta ao completar nesta quinta-feira (21) um ano do ataque químico em Guta (Gouta, em algumas fontes), nos arredores de Damasco, capital da Síria, um incidente que os Estados Unidos e seus aliados tentaram usar como pretexto para intervir na Síria.

Armas químicas são entregues a terroristas na Síria

Apesar do governo de Bashar al-Assad ter desmentido várias vezes e ter contribuído com provas, o incidente foi utilizado para acusar o país árabe de ultrapassar "a linha vermelha", e com isso começar os preparativos para uma agressão em grande escala, abortada pelos esforços da Rússia e da Síria.

O ataque foi levado a cabo pelos grupos armados com o apoio de países da região para utilizá-los contra a Síria, afirmou uma fonte à Prensa Latina.

Antes, foram divulgados vídeos que mostravam o uso de gases tóxicos contra aves e ameaças de usá-los contra membros das minorias que não se convertessem ao ramo sunita do Islã.

Nas semanas e meses seguintes do acontecimento, começaram a vir à tona novas evidências dessas acusações.

"É estranho que o ataque tenha sido disparado a 15 minutos de carro do lugar onde se hospedam os inspetores de armas químicas das Nações Unidas", afirmou Dina Esfandiary, especialista do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, ao jornal espanhol El País.

Uma das primeiras pessoas a denunciar essa manobra para desacreditar o governo de Bashar al-Asad foi a freira síria Agnes-Mariam da Croix, que se dedicou a investigar o tema.

Membro destacada do movimento de reconciliação do país árabe, a religiosa denunciou em dois relatórios à ONU a manipulação e a operação criada pelo Ocidente.

Da Croix criticou a montagem dos vídeos que a Casa Branca apresentou perante o Congresso estadunidense para tentar culpar Damasco.

Como exemplo, citou o caso de uma enfermeira que aparece em duas fitas diferentes "servindo às vítimas em um lugar, e depois em outro lugar que está longe e onde não pode ter chegado tão facilmente".

O que é mais grave, as mesmas pessoas exibidas mortas em fotografias ora estão em um lugar, ora em outra aldeia, manifestou a religiosa.

O prêmio Pulitzer de jornalismo Seymour M. Hersh também denunciou a manipulação do caso e acusou diretamente as autoridades estadunidenses.

Washington sabia nos meses prévios do ataque "que a frente al-Nusra (braço da al-Qaida na Síria) tinha chegado a dominar a técnica de fabricação de gás sarin e que era capaz de produzi-lo em quantidades", afirmou Hersh em um extenso artigo na revista London Review of Books.

"Um oficial de inteligência de alto nível, em um correio eletrônico enviado a um colega, escreve que 'não foi obra do regime' ", comentou Hersh.

Por sua vez, em uma reportagem elaborada a partir de dezenas de depoimentos em Guta, o portal de notícias MintPress News, com sede nos Estados Unidos, considerou que esse ataque químico não aconteceu, mas só existiu problemas devido à manipulação errada de tais armas por parte dos extremistas.

"Sentíamos muita curiosidade por essas armas e desgraçadamente alguns dos combatentes não as manejaram apropriadamente e causaram as explosões", explicou um chefe desses grupos, segundo o relatório, redigido pelo jornalista jordaniano Yahiya Ababneh.

Outro golpe à teoria ocidental foi minado por dois especialistas norte-americanos.

Em um estudo intitulado "Possíveis consequências da defeituosa inteligência técnica dos Estados Unidos", Richard Lloyd, ex-inspetor de armas da ONU, e Theodore A. Postol, professor do Instituto Tecnológico de Massachussets, desmentem a versão de Washington.

Depois de analisar a mobilização das tropas no terreno no dia do ataque, em um mapa apresentado pela Casa Branca em 30 de agosto, ambos analistas afirmaram que todos os possíveis pontos de lançamento dentro do raio de ação dos mísseis se encontravam em zonas controladas pelos grupos armados.

Fonte: Prensa Latina